Cada eleição tem uma história. O mesmo discurso que ganha uma eleição agora pode, daqui a quatro anos, não ser mais de interesse da população – seja porque foi superado, seja porque o eleitorado descobriu que aquilo era um engodo.

Isso se dá em todas as esferas: do presidente da República, passando pelos governadores, até o prefeito do município menos populoso. Obviamente, para Goiânia o raciocínio também vale.

Não dá para saber qual é o envolvimento que o prefeito Rogério Cruz sente com a cidade. É algo particular e pode ser – e é bem provável, até pelo “calor” de exercer a função – que ele tenha, dentro de si, uma vontade muito grande de dar o melhor de si para fazer as coisas se acertarem.

À semelhança da mulher de César, que, além de “ser” honesta, precisava “parecer” honesta, o prefeito precisa fazer com que esse envolvimento que eventualmente tenha em si “transborde” de forma evidente para os cidadãos. É a chance que tem de dar a volta por cima em termos de popularidade.

A boa notícia para Cruz, se pretende concorrer a uma reeleição, é que ainda há tempo para isso. Embora o cenário político do momento não lhe seja exatamente favorável – com a CEI da Comurg na Câmara, onde estão protocolados também pedidos de impeachment –, ele pode dar a volta por cima se conseguir trazer para si o crédito de pelo menos boa parte da população em relação a sua disposição em fazer o melhor.

É preciso, essencialmente, mostrar o que quer fazer e talvez fosse a hora de lançar um pacote de medidas positivas, que transparecessem sua preocupação com os rumos da cidade. Ainda que faltem recursos, há a possibilidade de parcerias com outros Poderes, com o governo do Estado e com setores da sociedade que queiram apostar numa agenda positiva para Goiânia – o que seria bom não somente para a Prefeitura, mas para toda a coletividade.

O que Rogério Cruz não pode, no momento, é tomar uma atitude reativa diante das circunstâncias e se preocupar “apenas” em sobreviver no cargo. Os goianienses querem um prefeito envolvido com a cidade, não com os próprios problemas – ainda que políticos, e por mais graves que eles sejam.