PT aceita fechar com Perillo, mas exige aliança progressista com Lula

12 junho 2022 às 00h00

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Petistas desconfiam da “astúcia” do tucano, mas há quem postule que pode encorpar campanha do petista para presidente
Um repórter do Jornal Opção entrevistou, em off, três petistas para que expusessem as posições do PT em Goiás em relação à possibilidade de aliança com o pré-candidato a governador pelo PSDB, Marconi Perillo.
Petista 1
“Acho que iremos para a disputa com Marconi Perillo. Mas estou dizendo ‘acho’, afirma o primeiro petista.
O repórter pergunta: “Mesmo se o PSDB indicar o vice da pré-candidata a presidente pelo MDB, senadora Simone Tebet? “Marconi mostrou astúcia ao sinalizar que Eduardo Leite deveria ser o candidato PSDB a presidente. Ou seja, deixou nítido que não quer compromisso com a postulante emedebista.”
O repórter indaga: “Procede que o pré-candidato do PT, Wolmir Amado, está ‘irritado’ com a cúpula do partido, que seria indecisa?” “Eu diria que o ex-reitor da PUC-Goiás joga a toalha até julho”, replica o petista. “Quem está insistindo com Wolmir, uma pessoa que respeito, são os deputados estaduais Antônio Gomide e Adriana Accorsi. Os demais praticamente já desistiram dele. Porque não ‘puxa’ voto para o partido, para Lula e para os candidatos a deputado estadual e federal.”
O petista acrescenta que Lula da Silva “precisa de uma chapa robusta nos Estados. Um candidato com menos de 5%, ou mesmo com 8%, vai ajudar Lula a se eleger presidente? Não vai, é claro. Então, basta de vaidade e vamos ser realistas; vamos fazer como em Minas Gerais, ou seja, devemos fortalecer o palanque de Lula em Goiás. É o mais importante. Na política não se pode ser apenas boa gente — é preciso ter voto”.

Petista 2
O segundo petista disse que conversou com Perillo. “Ele me disse que, se apoiar Lula, mais perde do que ganha, se for candidato a governador. Nós, do PT, não temos de colocar a candidatura de Marconi na pauta. É o PSDB que tem de colocar o nome dele e informar se quer uma coligação com o campo progressista. Nós do PT não vamos colocá-lo na pauta, até para, lá na frente, não recebermos um ‘não’. Noutras palavras, o PT não deve se submeter às maquinações do ex-governador.”
O repórter inquire: “Quer dizer, então, que o PT não quer uma aliança com Perillo?” O petista contrapõe: “Não é isto que estou dizendo. O que estou falando é que um partido como o PT, com uma bela história, tendo governado o país durante mais de uma década, não pode se submeter aos projetos da esperteza de Marconi. Porém, se ele, que afirma falar com Lula com frequência, assumir uma candidatura, e até agora não assumiu, e disser, às claras, que quer compor com o PT, nós devemos pensar no assunto. De fato, precisamos encorpar o palanque de Lula em Goiás. O que não podemos, porém, é nos subordinar ao projeto dos tucanos”.
O petista diz que, em conversas com integrantes do PSDB, tem ouvido que Perillo ainda pode compor com o pré-candidato a governador pelo Patriota, Gustavo Mendanha. “Ouço que Marconi está tentando participar da chapa de Gustavo como candidato a senador. Parece que é sua prioridade. Ele teria inclusive conversado com a deputada federal Magda Mofatto e Gustavo sobre a possibilidade de o presidente do Patriota, Jorcelino Braga, ‘levantar’ a resistência ao seu nome. Conta-se que Braga teria dito que uma composição entre Gustavo e Marconi só será possível ‘passando por cima de seu cadáver’. Mas em política há um momento, ante as circunstâncias, que alguém tem de ceder. Se Marconi ficar na frente de Mendanha, tomando seus eleitores, é bem possível que Braga, apesar da raiva, raciocine e aceite uma composição.”
Ante tal quadro, o petista afirma: “Ao menos no momento, não temos alternativa; temos de ir com Wolmir Amado. José Eliton, do PSB, era uma alternativa, mas [o deputado] Rubens Otoni não se esforçou para bancá-lo para o governo, talvez por esperar o sinal verde de Marconi. Porém, o tucano não abre o jogo e fica ‘enrolando’ todo mundo. Por isso perdemos José Eliton, um ex-governador”.
Petista 3
O Jornal Opção perguntou a um pré-candidato a deputado federal do PT: “O sr. avalia que Wolmir Amado vai realmente ser o candidato do PT a governador?” Sua resposta: “Tenho muitas dúvidas. Acho que a direção nacional do partido irá trabalhar para um encaminhamento alinhado com a disputa nacional”. Noutras palavras, a prioridade é Lula da Silva, ou seja, o projeto da Presidência da República.
Conclusão
O PT quer aliança com Perillo, mas como esposa, ou esposo, e não como amante. Há, entre os membros do partido, uma certa desconfiança em relação ao tucano. Avalia-se que ele joga mais para si, e não para os aliados. “Ele não pode ser um progressista de ocasião”, afirma o segundo petista.