O ex-prefeito afirma que não será candidato e menciona três nomes tidos como fortes: Marco Antônio, Robson Tavares e José Machado

Jalles Fontoura: “Mara Naves tem conexão com o MDB e Goianésia, já o prefeito Renato de Castro não tem ligação com o MDB nem com Goianésia” | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

De cara, o Jornal Opção pergunta ao ex-prefeito e ex-deputado federal Jalles Fontoura (PSDB): “O sr. desistiu de disputar a Prefeitura de Goianésia?” O empresário riu e disse: “Não se pode dizer que desisti, pois nunca fui candidato. Mas, sim, vou trabalhar muito para lançar um candidato competitivo e modernizador”. Ele propugna que a política precisa de renovação e diz que já geriu Goianésia por dez anos.

“O legado do prefeito Renato de Castro (MDB) é a Cláudia Leitte, pois não deixará uma obra importante para Goianésia. Ele mais desconstruiu do que construiu, por isso é desaprovado pela população”, afirma Jalles Fontoura. Fica-se com a impressão de que Goianésia, apesar de ter “dois” prefeitos — Renato de Castro e seu pai, Fião, quem realmente manda —, não tem administrador. Por isso, o ex-prefeito trabalha pela montagem de uma chapa com políticos que queiram cuidar da gestão da cidade.

Renato de Castro, prefeito de Goianésia | Fernando Leite/Jornal Opção

Goianésia, na opinião de Jalles Fontoura, tem bons valores. “O nosso grupo político tem vários nomes de qualidade, como Marco Antônio, Robson Tavares e José Machado. O delegado regional da Polícia Civil Marco Antônio é moderno, decente e competente. Se tentarem retirá-lo da cidade, as pessoas se levantarão, rebeladas, para mantê-lo. Com um trabalho planejado e inteligente, contribuiu para reduzir a criminalidade no município. Até a pessoa que ele prende o respeita e, mesmo, tende a votar no delegado. Ele reorganizou o time do Goianésia e o levou adiante. É craque. Robson Tavares foi meu vice-prefeito e é muito querido na cidade.” Pode ser o vice do Marco Antônio? “Creio que sim. O ortopedista José Machado tem excelente relacionamento na cidade.”

Mara Naves, ex-deputada estadual: pode unir o PSDB e o MDB em Goianésia | Foto: Reprodução

Mas Jalles pontua que o MDB tem um grande nome, Mara Naves, e admite que pode apoiá-la para prefeita. “Mara Naves pode repetir o caso do senador Vanderlan Cardoso. Este perdeu duas eleições para governador e uma para prefeito de Goiânia, mas, de repente, o povo olhou para ele e o elegeu senador. O povo de Goianésia gosta de Mara, tem simpatia pela ex-deputada. A gente percebe isto, quer dizer, sua conexão com a sociedade. O livro ‘Como as Democracias Morrem’ (Zahar, 272 páginas, tradução de Renato Aguiar), de Daniel Ziblatt e Steven Levitsky, sugere que, hoje, não são os partidos que ganham eleições, e sim movimentos. O que se precisa ter? Um líder, uma ideia, a internet e o povo. Mara tem características especiais: agrega e tem carisma. Se candidata, começa praticamente unindo toda a cidade. O prefeito Renato de Castro, cuja ideologia é difusa, desaparece numa disputa contra Mara Naves.”

 

Jalles Fontoura frisa que Renato de Castro “está no MDB, mas não é do MDB. Na eleição de 2018, o prefeito não apoiou nenhum candidato do partido. Ele traiu o candidato de seu próprio partido a governador, o jovem Daniel Vilela. O presidente do MDB sugeriu sua expulsão, mas, como Goianésia tinha diretório, o partido optou por não expurgá-lo. A cidade vive um dilema: o prefeito eleito em 2016 foi Renato de Castro, mas quem governa, de fato, é seu pai, Manuel “Fião” Arantes. Renato quase não vai à sede da prefeitura. Os dois são da ‘direitora’ política, embora Renato já tenha sido filiado ao PT de Lula da Silva”.

Fião e Renato Fiãozinho são ligados ao governador Ronaldo Caiado. Os cargos estaduais em Goianésia estão ocupados por aliados dos Fiões. Embora filiado ao MDB, Renato de Castro já avisou para os aliados que, em 2022, vai apoiar a reeleição de Ronaldo Caiado. “Daniel Vilela vai ser, mais uma vez, abandonado. Daniel precisa de um prefeito que o apoie para governador na próxima eleição, quando possivelmente será um postulante muito forte, porque poderá se apresentar como ‘renovação’”, assinala Jalles Fontoura.

Mara Naves, insiste Jalles Fontoura, é uma política experiente e, ao mesmo tempo, renovadora. “Mara foi funcionária do Tribunal de Contas do Estado (TCE), deputada estadual e primeira-dama no governo de seu marido, Gilberto Naves, como prefeito de Goianésia. Ela é mulher respeitada, correta e tem posições firmes e consequentes.” O ex-prefeito frisa que Goianésia “parou por causa da gestão insensata” de Renato de Castro.

Mas Mara Naves quer disputar a eleição? Jalles Fontoura acha que “sim”, mas a ex-deputada tem dito que não pleiteia. “Gilberto Naves não quer disputar, mas é ligado ao ex-governador Maguito Vilela e, certamente, está interessado na articulação para 2022, quando Daniel Vilela deve ser candidato a governador pela segunda vez. O fato é que todo mundo quer a candidatura de Mara a prefeita. Daniel, por exemplo, quer a sua candidatura e, com certeza, vai vetar a candidatura de Renato de Castro pelo MDB. Em 2016, Daniel incentivou Renato a disputar a prefeitura e, quando precisou dele, foi traído. Aliás, Renato não apoiou, reafirmo, ninguém do MDB na eleição de 2018. Além de ter apoiado Ronaldo Caiado, bancou um candidato a deputado estadual, Lineu Olímpio, que, filiado ao PTB, é de outra cidade — Jaraguá. É como se, para Renato, Goianésia não tivesse ninguém qualificado para a Assembleia Legislativa.”

Jalles Fontoura acredita que Renato de Castro está de malas prontas para o DEM ou para outro partido da base governista.