Na disputa pela Prefeitura de Goianésia em 2020, há dois anos, o então prefeito, Renato de Castro, não pôde ser candidato à reeleição (o MDB o vetou). O gestor municipal tirou um “coelho” da cartola — ou uma “pedra” — e o colocou na disputa. Era tão fraco, no início da campanha, que teve de ganhar outro nome: Leonardo Silva Menezes, de uma hora para outra, passou a ser chamado de Leozão do Renatão (filiado ao DEM, hoje União Brasil).

A oposição bancou um candidato simbolizando a renovação e, sobretudo, a união de dois grupos fortes: o MDB de Gilberto Naves e o PSDB de Otavinho Lage e Jalles Fontoura (uma aliança que parecia impossível). Pedro Gonçalves, um jovem político qualificado, era apontado como pule de dez.

Leozão do Renatão: prefeito vai à reeleição em Goianésia | Foto: Reprodução

Porém, na campanha, Renato de Castro — com o apoio do pai, Fião de Castro — se mostrou um leão e, aos poucos, Leozão do Renato foi crescendo, superou Pedro Gonçalves e ganhou a eleição.

Espécie de candidato-mochila (foi carregado nas costas por Renato de Castro), Leozão do Renatão obteve 17.646 votos (45,02%), deixando Pedro Gonçalves para trás, em segundo lugar, com 16.803 votos (42,87%). O candidato do prefeito venceu com 843 votos de frente. Mas o fato é que ganhou, e isto em política é o que importa. O “placar”, com o tempo, é esquecido.

Porém, quando Leozão do Renatão assumiu o comando da prefeitura, em janeiro de 2021, voltou a ser Leonardo Silva Menezes e teria afastado o grupo de Renato de Castro e Fião de Castro da prefeitura. De acordo com um vereador, o prefeito teria enviado um recado duro para a família Castro, sobretudo para o “onipresente” Fião de Castro: “Quem manda, daqui em diante, sou eu”.  Houve, segundo o parlamentar, uma ruptura política e familiar (o prefeito e o ex-prefeito são parentes).

José Machado: médico e deputado estadual eleito | Foto: Divulgação

O fato é que o conflito entre Leonardo Silva Menezes, que não aceita mais ser chamado de Leozão do Renatão, e Renato de Castro prejudicou a campanha do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) no município, em 2022. Gustavo Mendanha ficou em primeiro lugar na cidade, com 41,63% dos votos. O gestor estadual conquistou 40% dos votos. Faltou “comando” — teria prevalecido o caos — à campanha no município.

Será possível uma recomposição entre Leonardo Silva Menezes e Renato de Castro? Em política, tudo é possível.

Pedro Gonçalves: disputou pelo MDB em 2020 | Foto: Divulgação

Mas há quem postule que Renato de Castro pode bancar sua mulher, a jornalista Igara Borges de Castro, para prefeita. Igara de Castro é bonita, simpática, inteligente e entende tudo de política. Pode derrotar o prefeito? É possível, dada a força do ex-prefeito no município.

Na disputa para deputado estadual, em 2 de outubro de 2022, Renato de Castro obteve 18.052 votos (44,43%), mais do que Leonardo Silva Menezes conquistou para prefeito, dois anos antes. Foi eleito e é cotado para ser presidente da Assembleia Legislativa de Goiás.

Há quem postule que o nome de Igara de Castro no jogo é uma cortina de fumaça e que o candidato será Renato de Castro. Frise-se que nenhum dos dois disse, publicamente, que será candidato em 2024.

 A divisão da base governista no município pode fortalecer a oposição? É possível. O PSDB de Goianésia elegeu José Machado para deputado estadual. Só no município, o médico obteve 10.850 votos (26,70%). Trata-se de uma votação expressiva para um marinheiro de primeira viagem. Sobretudo, sua votação indica que a oposição está viva e atenta à política local.

Pedro Gonçalves estaria “desanimado” com a política partidária. Mas há quem avalie que pode ser o nome forte da oposição. Ele é filiado ao MDB e é ligado ao vice-governador eleito de Goiás, Daniel Vilela, presidente do partido.

Comenta-se, porém, que, em 2024, o União Brasil de Renato de Castro e o MDB de Pedro Gonçalves marcharão juntos em Goianésia — o que pode contribuir para enfraquecer as forças de oposição.