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PP quer ser player em 2020 e em 2022. O partido que quiser ser seu aliado tem de entender isto. O Progressistas não quer apenas apoiar — também quer ser apoiado

O PP do ex-ministro Alexandre Baldy, do senador Vanderlan Cardoso e dos deputados federais Adriano do Baldy Avelar e Professor Alcides Ribeiro aproximou-se do governador Ronaldo Caiado, do DEM. Não há aliança fechada, mas o diálogo foi aberto, com a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, do DEM.

Adriano do Baldy, Vanderlan Cardoso, Alexandre Baldy, Professor Alcides Ribeiro e Coronel Adailton: “exército” do PP quer ser cabeça do processo político | Foto: Reprodução

O que justifica a aproximação? À primeira vista, o PP quer ficar próximo do governo, para se fortalecer localmente. Mas o jogo tem nuances mais substanciais. Os líderes do Progressistas estão pensando mais em questões estratégicas do que em cargos para cabos eleitorais — que exigem comprometimento político, mas, a rigor, rendem poucos votos.

Na verdade, o PP está jogando em três vias, o que é praxe na política, e não tem a ver necessariamente com oportunismo.

Na primeira via joga com o MDB de Daniel Vilela e Maguito Vilela, tendo em vista mais 2022 do que 2020. Se Maguito Vilela for candidato a prefeito de Goiânia, em 2020, o MDB e o Progressistas tendem a jogar juntos. No entanto, se não disputar, a tendência é que o PP caminhe com Francisco Júnior, o postulante do PSD. O deputado federal é ligado ao senador Vanderlan Cardoso, que controla o PP metropolitano. Portanto, não se pode falar que, ao se aproximar do governador Ronaldo Caiado, o PP rompeu com o MDB dos Vilelas. Mas, sim, pode romper — só que mais pra frente.

Há progressistas que temem que o MDB esteja jogando forte para se cacifar para 2022, tendo o PP apenas como coadjuvante, tirando-lhe, por exemplo, a possibilidade de disputar o governo do Estado. Alexandre Baldy e Vanderlan Cardoso têm projetos para a disputa estadual. O MDB está jogando para tentar eleger prefeitos nas três principais de Goiás — Goiânia, Aparecida de Goiânia e Anápolis, que, juntas, têm mais de 1,5 milhão de eleitores, quer dizer, são decisivas para qualquer pleito regional. Em Goiânia, o MDB tem nomes consistentes — o prefeito Iris Rezende e Maguito Vilela. Em Aparecida, Gustavo Mendanha é considerado um candidato hors concours, ou seja, sem rivais de peso. Em Anápolis, o emedebista estuda fechar uma aliança com o PT de Antônio Gomide. Nesta cidade, há a possibilidade de o PP ter candidato a prefeito — exatamente o prefeito Roberto Naves, que faz uma administração consistente e inovadora. O PP, se bancar Roberto Naves, que ainda é filiado ao PTB, vai exigir reciprocidade para bancar, por exemplo, Gustavo Mendanha em Aparecida e, se for candidato, Maguito Vilela em Goiânia.

Daniel Vilela e Ronaldo Caiado: o PP está entre dois amores — o do presidente do MDB e o do governador de Goiás; 2022 está chegando junto com 2020

A segunda via do PP pressupõe uma aliança, tanto política quanto administrativa, com o governador Ronaldo Caiado. Está em andamento, mas não inteiramente fechada. Pode ser uma aliança para 2020 e/ou para 2022. Mas sem definições, por enquanto, de como será estabelecida.

A terceira via, a menos articulada, pressupõe um voo solo do Progressistas, com lançamento de candidatos nas principais cidades. Em Goiânia, o partido tem um candidato altamente consistente, Vanderlan Cardoso, mas o empresário tem dito que prefere ficar no Senado. Sandes Júnior, se for candidato, será para cumprir tabela, e ele quer, na verdade, disputar mandato de vereador. Em Anápolis, se conquistar o prefeito Roberto Naves, terá um candidato sólido e agregador. Em Aparecida, tem o deputado federal Professor Alcides Ribeiro, mas ele afirma que apoiará Gustavo Mendanha.

O fato é que o PP quer ser player tanto na eleição de 2020 quanto na de 2022. O partido que quiser ser seu aliado tem de entender isto. O Progressistas não quer apenas apoiar — também quer ser apoiado.

Por fim, deve-se dizer que nenhum dos jogos está fechado. Todos estão em andamento. Simplesmente porque não se está no momento adequado para formatar, em definitivo, alianças. A hora é de conversar, de abrir portas e de não arrombar portas abertas. Definições verdadeiras só em 2020.