Porque Vilmar Rocha é ideal para a suplência de Henrique Meirelles

18 outubro 2021 às 13h29

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Com a experiência de vários mandatos na Câmara dos Deputados e dada sua estatura política, o líder do PSD tem a mesma estatura do ex-ministro da Fazenda
A estatura política de Vilmar da Silva Rocha, de 70 anos, é reconhecida nacionalmente. Tanto que é interlocutor frequente de Fernando Henrique Cardoso, Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin. Trata-se de um político que não se tornou prisioneiro do “regional”, até porque sabe que, se a vida começa nos municípios, as determinações globais — as que impactam o país — são oriundas de decisões nacionais.
O que diferencia Vilmar Rocha de vários políticos patropis é sua capacidade de discutir temas atuais — e também históricos (é um leitor privilegiado) — em profundidade, dados seu amplo conhecimento intelectual e sua experiência político-institucional. Observe que publicou um livro sobre o populismo — “O Fascínio do Neopopulismo” (Editora Topbooks, 122 páginas) — que ganhou destaque no Brasil, Chile e nos Estados Unidos (e permanece à venda no site da Livraria Amazon). Por sinal, no Chile do grande poeta Vicente Huidobro, o professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás é sempre convidado para debater com a intelectualidade local.

Experiência política não falta a Vilmar Rocha, que foi deputado estadual e deputado federal por cinco mandatos. Na ditadura, mesmo pertencendo ao PDS, não há uma linha que macule sua história política e sua conduta pessoal, devido ao caráter democrático de sua ação. Tanto que sempre foi respeitado pela emedebismo.
Na Câmara dos Deputados, Vilmar Rocha era membro do alto clero. Conviveu em Brasília com os próceres do PFL e do Democratas, como Marco Maciel e Jorge Bornhausen. Ele participou ativamente da elaboração da Constituição de 1988.
Político decente, nunca se envolveu em escândalos. É, claro, um realista, da estirpe de Tancredo Neves, que dizia aos aliados que política não se faz apenas com os bons e os puros, e sim com todos. Assim como Petrônio Portella, um hábil articulador político, o goiano de Niquelândia sabe que os homens, e não apenas os políticos, devem ser avaliados pela média — não pelos extremos. A rigor, aquele que avalia pelos extremos dificilmente terá amigos e aliados. Porque seres perfeitos só existem em ficções românticas. O homem, como sabia Maquiavel, é o que é.
Nas rodas políticas o que se comenta de Vilmar Rocha como presidente de partido — do PSD — é que é confiável. O que trata com os aliados, internos e externos, cumpre. Em 2006, um líder de sua base política disse que não deveria ser candidato a deputado federal pelo DEM porque não seria eleito, mas seus votos seriam contabilizados para eleger o deputado Ronaldo Caiado. Como havia dado a palavra à cúpula nacional do DEM de que seria candidato, em quaisquer circunstâncias, disputou o pleito. Dito e feito: não se elegeu, apesar de ter sido bem votado, mas contribuiu para a vitória de Ronaldo Caiado. Ele não lamentou, pois havia cumprido a palavra com seus aliados.

Em 2014, Vilmar Rocha disputou mandato de senador. Contra a descrença de muitos, obteve mais de 1 milhão de votos (37,52%).
Há quem, e não de brincadeira, ao se encontrar com Vilmar Rocha, costuma dizer: “Senador”. O motivo: ele tem o perfil. É preparado e é um diplomata nato, à semelhança de Marco Macial.
Mas política é circunstância: para a disputa de 2022 os nomes mais cotados para senador, até o momento, são Henrique Meirelles (ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda), João Campos (deputado federal pelo Republicanos), Alexandre Baldy (presidente do PP e ex-ministro), Delegado Waldir Soares (deputado federal pelo PSL), Luiz Carlos do Carmo (senador pelo MDB) e Tarcísio de Freitas (o ministro da Infraestrutura é cotado para se filiar ao Republicanos).
Até pela força do PSD (que tem Vilmar Rocha, o senador Vanderlan Cardoso e o deputado federal Francisco Júnior), Henrique Meirelles é o mais cotado para compor a chapa do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM). Se definido como postulante ao Senado, quem será o primeiro-suplente de Henrique Meirelles? Há ao menos dois nomes cogitados, mas o perfil de Vilmar Rocha se encaixa à perfeição.
Porque se Henrique Meirelles, por um motivo ou outro, tiver de se afastar do Senado (claro, se for eleito), o primeiro suplente, sendo Vilmar Rocha, ocupará seu lugar com distinção. Os dois têm estatura semelhante, com a ressalva de que, dado seu conhecimento do Congresso, Vilmar ainda se encaixa ainda mais no Senado. (Euler de França Belém)