A Polícia Federal entrou em residências de Aécio Neves, que já está conversando com agentes na casa de Brasília

Andrea Neves e Aécio Neves: o senador teria recebido 2 milhões de reais da JBS

A delação premiada da JBS — de Joesley Batista e executivos do grupo — levou a Polícia Federal a proceder investigações na quinta-feira, 18, em imóveis do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em Brasília (no Lago Sul), Belo Horizonte (no bairro Anchieta) e Rio de Janeiro. A PF também entrou num apartamento de Andrea Neves, irmã do político, no Rio de Janeiro. Vizinhos disseram à PF que, há dois meses, retiraram “muitas coisas” da residência. Com autorização do Supremo Tribunal Federal, policiais federais também procedem investigações no gabinete de Aécio Neves no Congresso Nacional.

Jailton de Carvalho e Silvia Amorim, de “O Globo”, informam que Aécio Neves está numa casa de Brasília conversando com policiais federais. Na casa de Belo Horizonte, os integrantes da PF estão à procura de chaveiro para entrar na residência do senador, pois não há ninguém no seu interior.

Wesley e Joesley Batista: objetivo número um é salvar os negócios do grupo JBS-Friboi no Brasil e no exterior

Como os políticos sempre negam que receberam propina, Joesley Batista, o chefão da JBS, gravou Aécio Neves pedindo-lhe dinheiro — 2 milhões de reais. O que se comenta, em Brasília, é que a empresa pode ter dado mais recursos financeiros ao senador, mas decidiu documentar uma de suas “exigências” para o caso de se apresentar negativa a respeitos de “presentes” anteriores. Os 2 milhões de reais teriam sido usados para pagar advogados que defendem o político mineiro — ao menos foi a explicação que apresentou ao sócio do Grupo JBS-Friboi — que atuam nos inquéritos da Operação Lava Jato.

Há informações de que Aécio Neves teria trabalhado para amenizar as investigações sobre supostas falcatruas no BNDES que beneficiaram a JBS de Joesley Batista. Vários parlamentares, como o goiano Alexandre Baldy — que levava a sério a CPI do BNDES —, ficaram indignados com a rede proteção à JBS feita por políticos de vários partidos, como PMDB, PT e PSDB (leia-se Aécio Neves).

Aécio Neves afirma que mantém uma relação pessoal com Joesley Batista. Pode ser. Mas dificilmente alguém presenteia uma pessoa, só por amizade, com 2 milhões de reais (ou mais). E amigos pessoais muito dificilmente se delatam. O quadro que se apresenta é que havia negócios entre o empresário e o político — o que as investigações podem evidenciar a partir de agora. Joesley Batista quer salvar a JBS, no Brasil e no exterior, daí a delação premiada. Vai sacrificar tudo, sobretudo as relações pessoais e políticas, para garantir-lhe a sobrevivência.

O senador Aécio Neves, que já foi candidato a presidente da República pelo PSDB, responde a seis inquéritos no Supremo Tribunal Federal relacionados com a Operação Lava Jato. Processos contra senadores são encaminhados ao STF.