No mundo real da política, o PMDB de Daniel e Maguito Vilela não vai abrir espaço para Ronaldo Caiado, se eleito, “ressuscitar” o irismo

Daniel Vilela e Maguito Vilela vão aumentar o poder de Ronaldo Caiado e este vai aumentar o poder dos dois peemedebistas? Pouco provável | Foto: reprodução

Na semana passada, a cúpula do PMDB reuniu-se com o senador Ronaldo Caiado, do DEM, para discutir 2018. Peemedebistas ouvidos pelo Jornal Opção, ante um presidente do partido Democratas humilde, admitindo que não cometerá suicídio político — como em 1994, quando nem foi para o segundo turno (disputado por Lúcia Vânia e Maguito Vilela, com a vitória deste), e em 2006, quando seu candidato, Demóstenes Torres, teve uma votação pífia para governador —, concluíram que é carta fora do baralho para a disputa do governo de Goiás em 2018.

Na verdade, a “humildade repentina” — as palavras são de um peemedebista — sugere duas leituras.

Primeiro, mais do que uma suposta “humildade repentina”, ou conveniente, Ronaldo Caiado está sugerindo que, ao contrário do que seus adversários pregam, é um político que sabe dialogar e, portanto, agrega. Ao assinalar que não cometerá suicídio, longe de sublinhar que desistiu de disputar o governo — será possivelmente sua última chance, o canto de cisne —, está tão-somente admitindo que precisa do PMDB para “encorpar” sua candidatura, para torná-la consistente e, de fato, estadualizada.

Cometem um erro, os peemedebistas, se estiverem avaliando que, ao reabrir o diálogo — supostamente aconselhado por Iris Rezende —, Ronaldo Caiado está desistindo de disputar o governo. Não está. Tanto que, enquanto conversa com Daniel Vilela, Maguito Vilela e José Nelto, mantém diálogos noutras pontas da política — com a senadora Lúcia Vânia (PSB), com o deputado federal Waldir Delegado Soares (PR), com o vereador Jorge Kajuru (PRP) e com o presidente do PHS, Eduardo Machado. O que o democrata está informando, talvez de maneira subliminar, é que, com o PMDB, sua campanha seria mais competitiva, mas também que há alternativa. A campanha eleitoral de 2018 pode registrar um fenômeno que não está sendo dimensionado com precisão. Os eleitores poderão desprezar grandes estruturas e examinar mais o discurso e a trajetória dos postulantes — e o aspecto ético será decisivo, possivelmente.

Segundo, apesar dos salamaleques, o que o PMDB quer mesmo é que Ronaldo Caiado, que já é senador — sua vitória para o Senado, em 2014, deve muito à estrutura peemedebista —, retire sua candidatura, desde já, e apoie o nome de Daniel Vilela ou de Maguito Vilela para o governo do Estado. O vilelismo, depois de ter conquistado o poder no PMDB, não vai abrir mão dele para bancar um neo-irista, como Ronaldo Caiado, para o governo. Na política, uma conquista cobra nova conquista. Depois de derrotar Iris (seu candidato) na disputa pelo comando do PMDB, o vilelismo precisa, agora, de uma vitória para o governo para sedimentar seu poder. Portanto, não vai entregar o queijo, o prato e a faca para Ronaldo Caiado — “bem alimentado” — “ressuscitar” o poder do irismo.

Realpolitik não é brincadeira de crianças. É uma guerra. Quem acredita em bom-mocismo, em reuniões em que todos se portam como heróis e santos, entende muito de ficção, mas pouco de política.