Perillo pode apoiar o petista Wolmir Amado pra governador e disputar mandato de senador

12 dezembro 2021 às 00h02

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O ex-governador teria se encontrado com Lula da Silva, em São Paulo, e um canal de comunicação teria sido aberto
O ex-governador Marconi Perillo adotou dois discursos. Um para consumo público e outro para as conversas privadas, de bastidores.
Publicamente, sugere que vai disputar o governo de Goiás, com o objetivo de tentar “limpar” o seu nome — ele chegou a ser preso pela Polícia Federal, por determinação da Justiça Federal, e responde a processos judiciais.
Comenta-se, nas hostes marconistas, que há a possibilidade de o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, não disputar o governo. “O que se comenta é que, se não estiver bem nas pesquisas até o dia 2 de abril, Gustavo pode recuar da disputa e permanecer na prefeitura”, diz um tucano de bico erado. Por isso o nome de Perillo será mantido à disposição para disputar o governo.

Nos bastidores, Perillo tem consultado aliados sobre a possibilidade de disputar mandato de senador. Porque seria “menos complicado”. Na sua opinião, de acordo com o que disseram três fontes, o governador Ronaldo Caiado (DEM) é favoritíssimo para a disputa de 2022, mas não haveria um “favorito absoluto” para o Senado. Há quem no PSDB defenda que Perillo deveria ser candidato a deputado federal. “Porque, sem Marconi, o PSDB não terá chapa para deputado federal. Simplesmente porque ninguém vai querer disputar”, diz um ex-deputado. “Ele precisa pensar nisto. Sem Marconi no páreo, até Helio de Sousa pode refluir e disputar mandato de deputado estadual”, acrescenta.
Chega-se a falar, nos bastidores tucanos, que Perillo pode apoiar o possível candidato do PT a governador, Wolmir Amado, ex-reitor da PUC-Goiás. Perillo comporia a chapa como candidato a senador. Lêda Borges, por ser do Entorno de Brasília, é cotada para vice.
Duas fontes tucanas contaram a mesma história ao Jornal Opção, que pode ser resumida assim: recentemente, Perillo esteve num encontro público em São Paulo, do qual participaram o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, Lula da Silva e várias outras pessoas. O goiano de 58 anos teria se aproximado do petista-chefe e puxado conversa. O ex-presidente teria dito: “Marconi, você parou de falar mal de mim?” O tucano teria dito que iria se explicar. Aí disse que, quando da denúncia do mensalão, teria confidenciado uma informação ao então senador Arthur Vergílio. O político do Amazonas teria vazado a informação e Perillo, segundo sua versão, não tinha como desmenti-lo. (Detalhe: o encontro de Lula da Silva e Perillo foi confirmado por um ex-deputado do PT goiano.)
Lula da Silva teria ouvido a história, sem nada contrapor. Acreditou na versão de Perillo? Pode ser que não. Mas o fato é que abriram conversação. Não será fácil uma composição entre o PT e o PSDB em Goiás. Porque os dois partidos terão candidato à Presidência da República: Lula da Silva irá para o PT e João Doria pelo PSDB.
Mas uma chapa tucano-petista não é de todo impossível, sobretudo se Lula da Silva continuar bem nas pesquisas. No primeiro turno, Perillo vai apoiar a candidatura de João Doria. Mas é possível que libere tucanos para formatar uma aliança informal com os petistas: seria o Luma (Lula e Marconi), que já ocorreu em Goiás, em tempos idos.
Na hipótese de segundo turno, e com João Doria fora da jogada, Perillo irmanaria com o lulopetismo, colocando sua estrutura a serviço da candidatura de Lula da Silva.