Pedro Chaves e Leandro Vilela: os “cupidos” da reaproximação de Daniel e Mendanha

07 maio 2023 às 00h04

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No fim da tarde da quarta-feira, 3, Daniel Vilela (MDB) atendeu a sua primeira audiência como governador em exercício. Melhor: a primeira agenda de um governador em exercício desde que Ronaldo Caiado (União Brasil) tomou posse, em janeiro de 2019 – o titular da cadeira saiu para descansar, em seu primeiro período de licença, juntamente com a primeira-dama, Gracinha Caiado.
E a primeira agenda não foi uma audiência qualquer. Ele recebeu o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota). Mais do que um político, um amigo de décadas. Daniel é filho de Maguito Vilela, ex-governador, ex-senador, ex-prefeito da mesma cidade que aquele interlocutor; Gustavo, filho de Léo Mendanha, que foi deputado estadual referência do MDB no Estado e em Aparecida, especialmente. Tanto Léo como Maguito perderam a vida para a Covid-19, em 2021.
Era o reencontro de uma dupla afastada politicamente desde setembro de 2021, quando Mendanha resolveu deixou a “banda” MDB e arriscar “carreira solo” ao governo do Estado. Daniel, como presidente do partido em Goiás, levou os emedebistas para avalizar a reeleição de Caiado e assegurar a estratégica vaga na chapa situacionista.
“Ninguém se perde na volta”, escreveu o jornalista e poeta José Nêumanne Pinto. Também ninguém perderia com a reaproximação entre dois amigos de tanto tempo. Assim, Daniel e Gustavo reataram a amizade profunda nos últimos dias, mas com um singelo “empurrãozinho”. No primeiro reencontro oficial – outros dois, pelo menos, já haviam ocorrido, mais informalmente –, uma dupla além dos protagonistas se destacou entre as testeminhas no gabinete da Vice-Governadoria, no 4º andar do Palácio Pedro Ludovico Teixeira: os ex-deputados federais Pedro Chaves e Leandro Vilela.
A reconciliação política entre o agora governador em exercício e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia começou a ser construída por interlocutores de ambos há pouco mais de um mês, especialmente Chaves e Leandro, que no processo contavam com uma motivação afetiva. Ambos são ex-parlamentares experimentados, lideranças significativas do MDB e acompanharam a trajetória política de Maguito, Daniel e Mendanha.
Assim, o pacto se deve muito a eles, pela capacidade alinhar os elementos pessoais – a amizade e a memória de Maguito – aos projetos políticos – o MDB vislumbra a oportunidade de resgatar o protagonismo político no Estado.
A notícia da reconciliação ganhou simbolismo na foto em que os dois aparecem de mãos dadas. Mas a reunião, portanto, foi “só” o ápice das articulações para reaproximá-los, já que o ex-prefeito de Aparecida deixou clara a disposição em visitar o antigo aliado na sede do Executivo goiano; Daniel, por sua vez, não economizou na atenção dada a Gustavo. Faltavam os “cupidos” para a relação se refazer.
Como se sabe, a política verdadeira é feita nos bastidores e raramente é “flagrada”. Embora a volta das relações de amizade e política entre os dois líderes políticos envolva a disposição de ambos, a estrada para essa “volta” foi pavimentada dessa forma, por elementos que estão em seu entorno.
No fim, o processo indica bom sinal para a política goiana, em especial para o MDB, um partido com tamanha capilaridade, mas que nos últimos anos sofreu a perda dos seus maiores líderes – Iris Rezende, Maguito Vilela e, por último, Dona Iris. Emedebistas e aliados comemoraram a reaproximação em razão do significado tamanho que possui.
O que está em jogo? As eleições de 2024, 2026 e 2030. Sim, e que o leitor não se assuste: os olhos da política enxergam horizontes ainda invisíveis ao eleitor comum.
Os velhos amigos reataram a amizade e caminham para uma nova parceria política, já que o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, está com as malas prontas para o retorno ao MDB.