Para conter desgaste, Câmara de Goiânia tenta aprovar lei que proíbe porte de arma no plenário

03 abril 2022 às 00h00

COMPARTILHAR
Situações tidas agora como abusivas encontram ainda respaldo no fato de que o Regimento Interno da Câmara de Goiânia é omisso quanto à questão
Após mais uma semana marcada por exposição e desgaste provocados pela repercussão negativa da presença de vereadores armados no plenário, a Câmara de Goiânia pode ter encontrado a oportunidade certa para aprovar projeto de lei que proíba ou pelo menos restrinja o porte de arma no Legislativo. Na avaliação de vereadores de diversas tendências, há espaço político para aprovar a matéria sobre o tema que está na pauta da Casa, até como saída à pressão da comunidade para que episódios como o da última quarta-feira, 30, sejam levados à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar.
Protagonista, mais uma vez, do entrevero, o vereador Sargento Novandir (Avante) foi alertado por colegas do desgaste provocado pela exibição de sua arma de fogo durante o bate-boca com o também vereador Santana Gomes (PRTB) na sessão plenária. Em reservado, o presidente do Comissão de Ética, Anselmo Pereira (MDB), classificou como “praticamente insustentável” a pressão para que leve o caso à apreciação do colegiado. Os participantes da reunião fizeram chegar a Novandir a compreensão do decano sobre a crise.
Em paralelo, vereadores estimulam o vereador Ronilson Reis (Brasil 35), autor da matéria que proíbe o porte e a posse de arma de fogo que está na pauta da Casa, a trabalhar pela aprovação do projeto. A mobilização parece ter tido efeito: o vereador deu diversas entrevistas nos últimos dias dizendo que vai pedir a inclusão da proposta na pauta do plenário na primeira sessão útil da semana que começa.
A polêmica envolvendo o porte e a posse de arma no plenário e nas dependências da Câmara – exceto para policiais e guardas metropolitanos em serviço – é antiga, mas se arrefeceu com a ascensão do bolsonarismo. Desde então, a defesa das medidas de flexibilização da compra e porte de armas e munições passou a ser vista como eleitoralmente vantajosa.
Situações tidas agora como abusivas encontram ainda respaldo no fato de que o Regimento Interno da Câmara de Goiânia é omisso quanto à questão – nem proíbe nem autoriza o porte. Um cartão verde para que cada um proceda como bem entender.