Bastidores

A eleição deste ano inventou o candidato-mendigo. Ele chega no eleitor e, no lugar de oferecer alguma coisa, pergunta, humilde: “Como e com que você pode me ajudar?” Faltou dinheiro para a campanha de candidatos a vereador, os maiores abandonados. Os candidatos amedrontados e mal informados deram o tom: “Como faço para pegar dinheiro e justificá-lo?” Os fornecedores da campanha exigiram notas precisas, com informações detalhadas. Ninguém quer, adiante, ser convocado pela Justiça para se justificar”. Outra característica da eleição foi o uso intensivo, mas não funcional, das redes sociais. Os candidatos perderam tempo nas redes sociais, às vezes discutindo com eleitores que votam noutros candidatos, ou nem votam.

“Pelo conhecimento que tenho dos bairros e das ruas, posso sugerir, até garantir, que Goiânia terá segundo turno e será entre Vanderlan Cardoso, do PSB, e Iris Rezende, do PMDB. Acrescento que não ficarei surpreso se Vanderlan chegar ao segundo 2% ou 3% à frente de Iris Rezende. Pode até ser que eu esteja errado, mas sinto um clamor na cidade por Vanderlan. O eleitor quer renovar”, afirma o ex-presidente da Câmara Municipal Marcelo Augusto.
A única tática que a família Tatico conhece para disputar eleições é torrar dinheiro, sem dó nem piedade. Em Águas Lindas, Enio Tatico, do PMDB, gasta dinheiro como se tomasse refrigerante. Mas não consegue comover e demover o eleitorado.
O caso de amor dos eleitores de Águas Lindas é com o prefeito Hildo do Candango, do PSDB. O motivo: nenhum prefeito fez tantas obras no município.
Hildo do Candango é o político que está modernizando a política e a economia de Águas Lindas. A família Tatico não pensa no povo da cidade e, por isso, quer a cidade para si, para defender seus projetos pessoais. O tucano, pelo contrário, é um estadista — e, portanto, pensa na cidade e nos seus cidadãos.
Se Divino Lemes for eleito prefeito de Senador Canedo, sobretudo se assumir, a Justiça brasileira poderá pedir férias e o Brasil deverá se tornar, mais uma vez, colônia de Portugal.
Ficha suja, condenado em segunda instância, Divino Lemes fez campanha livremente, como se debochasse da Justiça

[caption id="attachment_66743" align="alignright" width="620"] Arquivo[/caption]
Na reta final, Evandro Magal, do PP, e Alison Maia, do DEM, intensificaram suas campanhas em Caldas Novas. Os dois candidatos a prefeito fazem críticas duríssimas um ao outro. Sem contemplação.
A equipe de Magal garante que o prefeito é favoritíssimo e já encomendou o terno de posse para o pepista. Mas os aliados de Alison Maia garantem que o candidato democrata não joga a toalha jamais.
Há quem diga que Alison Maia pode até não ser eleito, por falta de estrutura partidária e recursos financeiros, mas teria conquistado o coração dos eleitores de Caldas Novas, como uma espécie de fato novo da política local. Há também quem o elogie por ter coragem de enfrentar, não apenas Magal, mas também os grupos econômicos poderosos que o apoiam.
Quando perguntam sobre o terceiro candidato, Arlindo, os eleitores dizem, brincando: “Voltou para o Ceará”. É que o postulante é registrado com o nome de Arlindo Ceará.

De um político de Itumbiara: “A polícia certamente vai descobrir uma bomba na história do assassinato do ex-prefeito Zé Gomes da Rocha e do cabo Vanilson Pereira. O assassino teria conversado por telefone, várias vezes, com um político da cidade. Conversas pouco católicas, provavelmente”.
O líder itumbiarense frisa que “a investigação do crime, às vezes tratado como resultado de uma questiúncula pessoal entre Zé Gomes e Gilberto Ferreira do Amaral, o Béba, pode levar à questão política”.
“O problema nem sempre é o alto clero. Mas as conversas entre pessoas do baixo clero das campanhas. É provável que alguém tenha potencializado, de maneira inteligente e discreta, um possível ressentimento de Gilberto do Amaral contra Zé Gomes”, afirma o político.
O político avalia que o deputado Álvaro Guimarães, candidato a prefeito pelo PR, não está envolvido no crime. “Mas é possível que alguém do baixo clero, do seu entorno, possa ter incentivado Gilberto a matar o ex-prefeito, ou talvez tenha apenas sugerido. Digo ‘possível’, pois não há provas de nada, até agora.”
Há um consenso entre juristas gabaritados de que a Justiça Eleitoral não pode ser usada como instrumento de censura dos jornais durante as campanhas eleitorais.
A retirada de reportagens, sem uma leitura atenta do que foi publicado, é um caso que mancha a Justiça Eleitoral brasileira.
Políticos de má-fé exploraram a boa fé — e até a falta de informação e formação — de alguns juízes na disputa eleitoral deste ano.
Pode-se dizer que, em alguns casos, a Justiça eleitoral agiu contra os interesses do cidadão, ao “censurar” os jornais, exigindo que reportagens críticas fossem retiradas dos sites. Em definitivo, “censurar” a imprensa não é função de magistrados.
Produtor rural há 35 anos e ex-prefeito de Vila Propício, Tasso Jayme disputa a presidência da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) pela chapa União, Trabalho e Liderança.
Associado desde 1990, Tasso Jayme é conselheiro da atual gestão da SGPA. Ele é filho de Olímpio Jayme.
“A SGPA é como minha segunda casa. Aqui comecei a aprender como se faz um trabalho cooperativo, como caminhar em uma só direção com homens e mulheres que têm em comum a visão de fortalecer a agropecuária goiana”, afirma Tasso Jayme
Em Minaçu, surgiu um político surpreendente, Nick Barbosa. Falando um português estropiado, como se fosse o Jeca Tatu da modernidade — há quem o chame de Lula piorado do DEM —, e criticando funcionários públicos concursados, o integrante do DEM é dono de uma fortuna avaliada em 51 milhões de reais.
As pesquisas de intenção e voto põem Nick Barbosa em primeiro lugar. Há quem acredite que é incontornável. Mas Neuza Lúcia Barbosa está na sua cola.

Numa visita a Aparecida de Goiânia, Sandro Mabel, que os amigos chamam, brincando, de Sandro Temer, disse que, se Gustavo Mendanha (PMDB) for eleito prefeito, poderá ser sua porta de entrada no governo federal. “Minha sala, no Palácio do Planalto, não fica muito longe do gabinete do presidente Michel Temer.”

A deputada federal Magda Mofatto e seu marido, Flávio Canedo, líderes do PR, vão apoiar Vanderlan Cardoso num possível segundo turno.
Aos aliados, Magda Mofatto tem dito, com todas as letras, que, como pertence à base política do governador Marconi Perillo, tem o dever de apoiar a candidatura de Vanderlan Cardoso para prefeito de Goiânia. No segundo turno, é claro.
Mesmo sem empolgação com a candidatura do Delegado Waldir Soares, a deputada federal mantém o apoio à sua candidatura. Ela tem sido leal.

[caption id="attachment_76400" align="alignright" width="620"] Zé Gomes em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
José Gomes da Rocha podia ser populista, podia ter problemas na Justiça, mas era mesmo um político amado pela população de Itumbiara. A cidade em peso chorou sua morte.
Com todos os seus exageros, José Gomes da Rocha, assassinado aos 58 anos, era tido como um político que contribuiu para a modernização de Itumbiara. Ele não parecia, mas era um gestor eficiente. Pode-se dizer que existe uma Itumbiara antes e uma Itumbiara depois de Zé Gomes.
O que mais impressionava em Zé Gomes era sua vitalidade e o bom humor. O assassinato do ex-prefeito reduz, de alguma forma, parte da força política do município.

Políticos do PMDB, sobretudo iristas, dão como certo, se houver segundo turno, que o delegado e deputado federal Waldir Soares (PR) vai hipotecar apoio a Iris Rezende, candidato do partido a prefeito de Goiânia.
Para ser justo, o Delegado Waldir nunca disse nada a respeito de alianças para o segundo turno. Até porque, embora com poucas chances, não pode declarar voto a um adversário já no primeiro turno.
Vanderlan Cardoso, do PSB, gostaria de ter o apoio do delegado, no segundo turno, mas não vai forçar a barra.
De Roberto do Orion, candidato a prefeito de Anápolis pelo PTB: “Vou para o segundo turno e vou derrotar o candidato do PT”.
Roberto do Orion afirma que não se importa de ir para a próxima etapa em segundo lugar. “O importante é que tenho condições de virar o jogo, pois tendo a incorporar novas forças políticas, o que não ocorrerá com o PT do prefeito João Gomes.”

Ninguém pode dizer que, mesmo com baixos índices nas pesquisas de intenção de voto, o delegado e deputado federal Waldir Soares, do PR, desanimou durante toda a campanha.
Determinado, de uma persistência rara, o delegado Waldir continuou fazendo suas caminhadas e pedindo votos em praticamente todos os bairros de Goiânia.
O delegado Waldir é uma autêntica força da natureza. Mas é provável que, na sua campanha, tenha faltado três coisas.
Primeiro, recursos financeiros. Por mais que a deputada federal Magda Mofatto tenha ajudado o candidato, os recursos foram escassos durante toda a campanha.
Segundo, faltou estrutura partidária mais ampla. Há poucos militantes — que são voluntários — na sua campanha. Campanhas esvaziadas costumam não atrair eleitores, que acabam concluindo que o candidato não tem chance de ser eleito e acabam por abandoná-lo.
Terceiro, houve um equívoco duplo no marketing. O republicano começou uma campanha com um projeto monotemático — a aposta num projeto de segurança pública para Goiânia. Eleições majoritárias exigem um leque mais amplo de projetos, o que o delegado Waldir desenvolveu, porém tardiamente. Depois, embora candidato a prefeito, e da maior cidade de Goiás, por vezes ficava-se com a impressão de que o delegado continuava fazendo campanha para deputado federal.
De qualquer maneira, mesmo sem chance de passar para o segundo turno, o delegado Waldir é aquilo que, na falta de melhores palavras, pode ser chamado de uma força da natureza. Mesmo sem recursos e sem uma rede ampla de apoios, comportou-se como um gigante incansável durante a campanha.
Pós-eleições, pacificados os ânimos, o deputado deveria adotar uma política de agregar aliados e, sobretudo, de não arrombar portas abertas, inclusive na imprensa. É um político de futuro? É. Mas precisa entender que não se constrói uma carreira política sozinho, como outsider, e que um político precisa ser menos contencioso.