Bastidores
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Jayme Rincon, Vanderlan Cardoso, Humberto Aidar e Sandro Mabel: nomes de peso para a disputa da Prefeitura de Goiânia em 2016 | Fotos: Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
A dois amigos íntimos, o reservado Vanderlan Cardoso confidenciou que planeja mesmo disputar a Prefeitura de Goiânia em 2016. “Vanderlan decidiu não apoiar Marconi Perillo ou Iris Rezende para governador, no segundo turno, porque pretende ser candidato a prefeito da capital no próximo pleito”, afirma um de seus aliados.
Vanderlan raciocinou da seguinte forma: em 2016, mais uma vez, o irismo e o marconismo vão terçar forças em Goiânia. Iris, se derrotado para o governo, pode disputar a prefeitura, para tentar manter o controle do PMDB, ou pode apoiar Agenor Mariano ou Sandro Mabel. O tucano-chefe tende a bancar o presidente da Agetop, Jayme Rincon.
Permanecendo independente, Vanderlan credencia-se como um candidato forte. Pesquisas qualitativas comprovam que o líder do PSB é “pequeno para Goiás”, por não ter apoio de líderes consistentes, mas tem o “tamanho” adequado para Goiânia.
O principal adversário de Vanderlan deve ser Jayme Rincon, credenciado pela quantidade e pela qualidade das obras que executou no Estado e em Goiânia.
O PT, se quiser manter certa independência em relação ao prefeito Paulo Garcia, tende a lançar o deputado estadual Humberto Aidar, do grupo do deputado federal Rubens Otoni e do ex-prefeito de Anápolis Antônio Gomide. Porém, o paulo-garcismo pode endurecer e bancar Adriana Accorsi para prefeita.
O deputado federal Daniel Vilela não entende o empenho do senador eleito Ronaldo Caiado em lançá-lo para prefeito de Goiânia. Um de seus principais conselheiros contra-ataca: “Caiado é um dos melhores nomes do irismo para prefeito da capital. Iris não teria como barrá-lo, até porque teme sua língua viperina. Na verdade, assim como Caiado, Daniel quer disputar o governo de Goiás em 2018”.
O peemedebista Sandro Mabel espalha, nos bastidores, que, para apoiar Iris Rezende — inclusive comprometendo-se a pagar parte do marketing de sua campanha —, conseguiu o compromisso de que ele o “apoiará” para prefeito de Goiânia. Henrique Meirelles, Vanderlan e Júnior Friboi decerto já começaram a rir.
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Carmem (à esquerda) ao lado da esposa de Iris Rezende, Iris de Araújo[/caption]
A empresária Carmem Sílvia Oliveira, ex-mulher do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, desfiliou-se do PMDB, na semana passada, e anunciou apoio à candidatura de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás. Mesmo com escassa estrutura de campanha, aparentemente sabotada pela cúpula do PMDB, Carmem Sílvia conseguiu obter quase 5 mil votos.
O prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, havia se imposto uma missão: transformar seu filho, Daniel Vilela, o golden boy do PMDB, no deputado federal mais votado do pleito deste ano. Só não conseguiu devido ao fenômeno Waldir Soares, que obteve quase 300 mil votos. Embora seja discreto e pouco dado a enfrentamentos, Maguito planejava mostrar ao casal Iris Rezende e Iris Araújo que ele e o filho têm luz própria. Com os quase 200 mil votos recebidos pelo jovem parlamentar, fica evidenciado que, sim, os dois são, hoje, mais sólidos politicamente do que o casal retrô. Além de fragilizado eleitoralmente, a dupla Rezende-Araújo não tem a humildade de Maguito e Daniel. Maguito prepara Daniel para voos mais altos, como a Prefeitura de Goiânia e, sobretudo, o governo de Goiás.
Integrante do governo da presidente Dilma Rousseff, prestigiado pela cúpula nacional do PMDB e do Pros, o ex-deputado federal Marcelo Melo, do PMDB, deve disputar a Prefeitura de Luziânia, em 2016. O fato novo fica por conta de seu principal apoiador. É quase certo que o deputado federal eleito Célio Silveira (PSDB) hipoteque apoio à candidatura de Marcelo Melo. Considerado imbatível, tanto por suas qualidades pessoais — é integro e competente — quanto pela capacidade de articular e agregar, Marcelo Melo é favoritíssimo. Além disso, conta com um “cabo” eleitoral: a gestão abaixo da crítica do prefeito Cristóvão Tormin, que os adversários chamam de “Vão Dormin”.
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Dirigente do PHS, Eduardo Machado[/caption]
O PHS, partido presidido pelo goiano Eduardo Machado, elegeu 5 deputados federais. Eles são do Paraná, de Minas Gerais, de Pernambucano, do Ceará e de Roraima. Antes, não tinha nenhum. Agora, o partido tem 11 deputados estaduais no Brasil, antes tinha três. “Em Goiás, não tínhamos nenhum deputado estadual e nas eleições deste ano elegemos 2.”
“Os deputados estaduais do PHS de Goiás chegam fortes à Assembleia Legislativa. Chiquinho Oliveira, ligado ao governador Marconi Perillo, é cotado para presidir o poder”, afirma Eduardo Machado.
Waldir Soares (PSDB), com seus quase 300 mil votos — oriundos, em larga medida, da internet, notadamente do Facebook —, está numa posição confortável. O delegado frisa que quer ficar na Câmara dos Deputados, para não decepcionar seus eleitores. Entretanto, com sua votação consagradora, tanto pode ser candidato a prefeito de Goiânia quanto de Aparecida de Goiânia. O que se sabe mesmo é que, em 2016, o político-policial será o general eleitoral indispensável nos dois municípios.
O delegado tem dito que foi eleito para trabalhar pela mudança de algumas leis. Portanto, se for eleito prefeito, não poderá fazê-lo. Por isso, apesar das pressões, sobretudo para disputar a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, Waldir deverá permanecer em Brasília. No Congresso, não quer ser um personagem folclórico, uma espécie de “Waldirica”, uma versão Tiririca do Cerrado. Ele pretende organizar uma equipe técnica de alta qualidade para apresentar projetos que sejam de fato úteis à comunidade. O tucano vai atuar, de maneira mais enfática, na área de segurança pública.
Detalhe: Waldir começa a ser chamado de “Rei de Goiânia” e “Príncipe de Aparecida de Goiânia”. Mas ele prefere um título “nobiliárquico” mais próximo dos plebeus: “Rei do Facebook”.
Na semana passada, jornais e revistas de todo o país estavam na cola do delegado campeão de votos. Quando é encontrado, fala com todo mundo. Mas o que ele gosta mesmo é de conversar com o povão, sua fonte de inspiração.
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Vilmar Rocha: “Nós precisamos primeiro eleger Marconi Perillo e Aécio Neves. É o mais importante” | Fernando Leite/Jornal Opção[/caption]
O PSD de Gilberto Kassab alinhou-se com a candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT), mas parte significativa do partido rebelou-se e apoia a candidatura do tucano Aécio Neves para presidente da República. O líder da dissidência é o deputado federal goiano Vilmar Rocha, um dos principais interlocutores do senador mineiro.
Com mais de 1 milhão de votos (exatos 1.012.485) na disputa para senador, e 113.850 votos a mais do que Iris Rezende, o candidato do PMDB a governador, Vilmar Rocha, embora tenha sido derrotado por Ronaldo Caiado (DEM), está cacifado para voos mais altos. Se Aécio for eleito presidente, o pessedista-chefe pode ser guindado ao posto de ministro da Justiça. Ele tem o apoio do tucanato goiano.
Inquirido sobre o assunto, Vilmar desconversa: “Primeiro, nós temos de eleger o governador Marconi Perillo e Aécio Neves. Depois, a gente pensa noutros planos”.
Aécio Neves obteve 41,54% dos votos dos goianos, enquanto Dilma Rousseff recebeu apenas 32,10%.
A campanha de Iris Rezende é acusada de plágio. Quando governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB) criou o programa Governo Mais Perto de Você e, em seguida, o Saúde Mais Perto de Você. A criação do publicitário Marcus Vinicius Queiroz foi apropriada pelo irismo, sem o devido crédito. Para disfarçar, retirou-se o “mais” e ficou “Saúde Perto de Você”. Concluir a carreira política com uma possível derrota e com a imagem de plagiário não é, em definitivo, um bom negócio.
O prefeito de Bela Vista, Eurípedes José do Carmo (PSC), irmão do deputado do PMDB Luiz Carlos do Carmo, decidiu apoiar a reeleição do governador Marconi Perillo. Ele avalia que o tucano-chefe contribuiu, com a duplicação da GO-020, para o desenvolvimento do município que administra.
Um aliado de Sandro Mabel diz que o deputado “dispensou” o marqueteiro Dimas Thomas porque ele revelou “pouca criatividade” no primeiro turno. “Como bancar, para o segundo turno, um marqueteiro que não fez um marketing convincente e agressivo para melhorar os índices de nosso candidato?” O mabelista sugere que é mais “reclameiro” do que marqueteiro. “Dimas passava o tempo inteiro reclamando, sem entender que a campanha de Iris era modesta.” Dimas reclamou do PMDB numa rede social. Uma amiga garante que sofreu um calote de pelo menos 500 mil reais. O mabelista contesta: “Não devemos nada a Dimas Thomas. Ele recebeu, imerecidamente, muito dinheiro”.
Na semana passada, ao saber que muitos peemedebistas estavam migrando para a campanha de Marconi Perillo, o peemedebista Iris Rezende praticamente implorou: “Não me deixem só”. Curiosamente, o comitê eleitoral do peemedebista-chefe está cada vez mais vazio. Iris estaria tomando muito medicamentos e energéticos para conseguir fazer a campanha. Afinal, vai completar 81 anos daqui a dois meses.
Peemedebistas dizem que a derrota de Iris Araújo é um recado do eleitor para o irismo. Os goianos querem aposentar o casal retrô, Iris Rezende e Iris Araújo, o mais rápido possível. Resta saber se a dupla vai entender o “sinal”. Costuma-se dizer, nos arraiais do PMDB, que os ouvidos de Iris Rezende e Iris Araújo são “fechadinhos”. Eles só ouvem o que querem — elogios. Críticas verdadeiras, corretivas, são vistas como descortesia pela família. Iris Rezende, por exemplo, é tratado por suas filhas como representante de Deus na Terra. Se o tratassem como humano contribuiriam muito mais com o político, que, como o Jornal Opção insiste sempre, tem muito valor e contribuiu, e muito, para o desenvolvimento de Goiás.
A derrota de Lívio Luciano, candidato a deputado estadual pelo PMDB, é, por certo, lamentável. Porque o auditor fiscal do Estado é competente tanto do ponto de vista técnico quanto do político. Articula com habilidade e sempre participou ativamente das discussões econômicas e financeiras da Assembleia. Sempre com consciência de causa e grandeza. Por exemplo: não é desses políticos que, por interesses partidários ou ideológicos, avalia que pode prejudicar o Estado e seu povo. Está provado que os eleitores nem sempre elegem os melhores. Lívio Luciano é um dos melhores, mas foi preterido. O que faltou para ser eleito? Votos, é claro. Sobretudo, faltou estrutura, como dinheiro, para concorrer com os candidatos endinheirados. Mas amigos do peemedebista dizem que, ao contrário de ficar lamentando, o político sangue bom diz que eleição é assim mesmo: ganha-se uma, perde-se outra. O vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano, outra grata revelação política do PMDB, conversou com Lívio Luciano, seu aliado e irmão na fé evangélica, e não ouviu nenhuma queixa profunda.
Numa entrevista a um diário de Goiânia, Iris Rezende disse que financiou sua campanha, no primeiro turno, com seus “minguados recursos”. Iris Rezende declara ter um patrimônio avaliado em 18 milhões de reais. A revista “IstoÉ” garante que é de 185 milhões de reais, o peemedebista teria “esquecido” de acrescentar um 5. O “enfant terrible” Frederico Jayme (consta que Iris treme nas bases quando encontra o peemedebista), que conhece a história do peemedebista como a palma de suas mãos, avalia que o patrimônio de Iris supera 1 bilhão de reais. Dando benefício à dúvida, até por ser advogado, Frederico Jayme sugere que Iris Rezende venha a público e apresente os detalhes reais sobre seus bens.
Um peemedebista admite: “Iris não tem qualquer chance de derrotar Marconi. Mas vamos ficar com ele até o final, para cumprir tabela”. O jovem peemedebista afirma que o próprio Iris Rezende percebe que seu tempo “passou”. Ele está sempre dizendo que “não entende” os tempos atuais. Há uma desconexão quase total entre o que Iris pensa sobre a realidade e a própria realidade. O candidato a governador não consegue examinar um pesquisa por mais de cinco minutos e não gosta de ouvir explicações.

