Tido como elitista, Pedro Paulo Medeiros representa os velhos grupos que mandaram por anos na OAB-Goiás

Em disputas, sejam políticas ou classistas, não há favas contadas. Como sugeriu o hábil Tancredo Neves, numa conversa com um político goiano, ninguém ganha eleição por antecipação. No mesmo diálogo, com o então senador Iram Saraiva, o político mineiro — que foi ministro da Justiça do governo de Getúlio Vargas, na década de 1940, primeiro-ministro no regime parlamentarista, na década de 1960, e presidente eleito da República, em 1985 (morreu antes de assumir) —, disse que os maiores perdedores acabam por ser aqueles que se consideram eleitos e subestimam os adversários.

A eleição para presidente da OAB-Seção de Goiás será realizada daqui a cinco meses — em novembro. Como se sabe, é um longo tempo. Um trabalho bem-feito, mostrando-se como se pode renovar o que já é bom — e não com mera continuidade de propósitos —, pode render resultados. Os advogados têm a tradição de avaliar cuidadosamente as propostas dos postulantes a dirigente da Ordem. Por isso, deixam para tomar uma decisão mais próximo das eleições — o que é natural. Pois indica que os advogados não votam por impulso. Eles querem o melhor para a OAB, para o desempenho de suas funções e para a sociedade. Por isso, neste momento, estão examinando o que propõem os postulantes, em ordem alfabética: Júlio Meirelles, Pedro Paulo Medeiros, Rafael Lara, Rodolfo Otávio Mota e Valentina Jungmann.

Em suma, o que se está dizendo é que o jogo está aberto, com possibilidades de grandes mudanças. Há quem postule, por exemplo, que Rodolfo Otávio Mota representa a modernização mais ampla da OAB. Quiçá uma modernizada continuada e inovadora. Não seria mais do mesmo. Porque tem luz própria e não aceita ser teleguiado.

Pedro Paulo Medeiros é, do ponto de vista de um grupo de advogados, o jovem que nasceu “velho” (frise-se que se está registrando uma crítica de adversários, mas não desrespeitando o profissional. Até aliados sugerem que é “dandy” demais e distante dos advogados que estão na luta do dia a dia. “É um homem da elite, dos salões refinados”, admite um aliado, em tom de elogio). Quer dizer, tenta se apresentar como renovação. Mas renovação em relação a que e a quem? Sua chapa tem o nome de “Nova Ordem”, mas, nos bastidores, até alguns de seus aliados a denominam de “Nova Forte”. Ou seja, é uma tentativa de recauchutar, a partir do nome, a OAB Forte — que, com o tempo, se tornou “OAB Fraca”.

Uma chapa que é articulada por Felicíssimo Sena (profissional respeitável, por sinal), que tem quase 50 anos de advocacia — começou em 1973 —, pode falar em renovação? O grupo de Felicíssimo Sena presidiu a OAB durante vários anos, o que possibilitou a criação de feudos. Os advogados não querem que a OAB seja retomada pelo feudalismo da OAB Forte, agora sob o nome de fantasia de Nova Ordem.

Paradoxalmente, a renovação permanece com aqueles, como Rodolfo Otávio Mota, que desbancaram o mandonismo da Nova Ordem, quer dizer, da OAB Forte.