É legal o presidente da Agência de Habitação de Goiás (Agehab), Alexandre Baldy, acumular também a gestão da BYD, fábrica de automóveis da China no Brasil?

Advogados consultados admitem que não há “ilegalidade flagrante”. Porém, ao mesmo tempo, não consideram que se trata de uma coisa legítima. Porque o interesse público e o interesse privado às vezes são conflitantes.

No bastidores, os políticos chamam a história de Baldy de “Caso Agehab-BYD”. “Vai virar escândalo nacional”, afirma um deputado.

De fato, a BYD não está instalada em Goiás e não tem negócios com o governo do Estado. E se Baldy conquistar o sonhado cargo federal no governo de Lula da Silva: como ficará? Em termos de governo federal, se assumir cargo, terá de deixar a BYD. Não poderá atuar nem mesmo como lobista “secreto”.

Advogados sugerem que o administrador público deve cuidar apenas das coisas públicas. Um dele sugere: “O Ministério Público deveria estudar a questão e apresentar um posicionamento público, em nome da transparência. Afinal, transparência não pode ser apenas discurso”.

Outro problema, apontado pelos advogados: como Alexandre Baldy divide o tempo para gerir a BYD e a Agehab? Não se sabe. Há informações de que frequentemente ele ausenta-se da Agência de Habitação para resolver pendências da multinacional chinesa. A agenda da Agehab tem de se submeter à da BYD?

Um funcionário público, ainda que comissionado, não tem de cumprir seu horário de trabalho diário? Com a palavra o procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Goiás, Cyro Terra Peres.

A BYD não se manifestou sobre o assunto. Mas a direção chinesa não tolera escândalos públicos.