O governador Marconi Perillo só vai delinear as táticas para o pleito quando seus adversários forem definidos
15 abril 2014 às 14h47
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Na reunião com secretários na semana passada, o governador Marconi Perillo foi exigente e, mesmo, duro. O tucano-chefe sugeriu que, no afã de “proteger” o governo, há setores que estão burocratizado suas ações. Prefeitos têm reclamado, com frequência, que convênios se perdem nos desvãos do poder público e, em consequência, seus municípios não recebem obras que poderiam fazer a diferença, tanto administrativa quanto politicamente. Mesmo assim, o gestor atento ressaltou que é fundamental que se respeite as leis, sobretudo a legislação eleitoral, e cobrou pressa na conclusão das obras.
Há quem, como o deputado federal Jovair Arantes, perceba Marconi como “excessivamente” cauteloso. O líder petebista sugere que o tucano defina sua candidatura já em maio. Dada a prioridade à gestão, e não à política partidária tradicional, às vezes não se percebe que a candidatura, na verdade, já está absolutamente posta. Mais candidato do que Marconi, impossível. A cautela tem, porém, uma explicação.
O tucano sabe que entre seus adversários estarão, possivelmente, Iris Rezende ou Júnior Friboi, pelo PMDB, Antônio Gomide, pelo PT, e Vanderlan Cardoso, pelo PSB. Entretanto, como o quadro não está definido — Gomide vai para governador ou para senador? O PMDB ainda não sabe se disputa com Iris ou com Friboi —, Marconi, se pode fixar a estratégia, não tem como delinear as táticas para cada adversário.
Político astuto e perspicaz, Marconi pretende planejar sua campanha milimetricamente, com uso farto de recursos científicos, como pesquisas e estudos detalhados e atualizados. Se Gomide for candidato — suspeita-se na base governista que disputará o Senado —, adotará táticas diferenciadas, reforçando, por exemplo, a ideia de que, mesmo depois de anos no poder, permanece “novo”, com grande capacidade de renovação e, assim, um apóstolo da mudança. Se Gomide estiver fora do páreo, a campanha tende a ir para um campo mais tradicional.
Se Friboi estiver no páreo, Marconi entende que terá de fazer uma campanha mais encorpada, com uma estrutura, além de altamente profissional, gigantesca. Não dá para enfrentar uma campanha de muitos milhões com alguns tostões ou alguns milhões. Mesmo estando no governo, tendo força para arrecadar dinheiro para a campanha, o tucano sabe que não terá condições de reunir a mesma quantidade de dinheiro que Friboi pretende pôr no jogo político deste ano. Comenta-se, porém, que, depois de determinados valores e com estruturas bem montadas, as diferenças entre uma campanha de 100 milhões e uma de 70 milhões não é muito grande.
Marconi certamente vai combater a estrutura financeira de Friboi com o adensamento de sua estrutura política, incorporando, por exemplo, novos aliados — como o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM). Que o vice-governador José Eliton (PP) e o deputado federal Vilmar Rocha (PSD) não se enganem: o tucano é leal aos dois, por quem nutre respeito e admiração, mas sabe que, numa campanha, o grande pecado é perder a eleição. Para ganhar, perdendo o anel, digamos o Senado, mas mantendo os dedos, o governo, Marconi compõe, sim, com Caiado. De que adiante eleger um senador e vários deputados federais e não eleger o governador? É a pergunta que está na ordem do dia e o governador certamente quer que Eliton e Vilmar, políticos respeitáveis, pensem a respeito.
Na política, para evitar uma possível derrota, às vezes é preciso sacrificar o interesse pessoal em benefício do ganho coletivo. É fato: Marconi não vai pressionar Eliton e Vilmar para “saírem” da chapa majoritária — ou mudarem de posição (com Vilmar, por exemplo, optando pela vice, desistindo do sonho da senatória), mas, no momento apropriado, vai mais sugerir do que pedir para que avaliem o quadro político-eleitoral do ponto de vista do interesse da base aliada.