É improvável que Vanderlan Cardoso se torne candidato da base governista

24 setembro 2023 às 00h03

COMPARTILHAR
Durante a última semana, a imprensa goianiense especulou que o senador Vanderlan Cardoso (PSD) poderia se tornar o nome do governismo na disputa pela Prefeitura da Capital. As apurações do Jornal Opção mostram, entretanto, que a probabilidade é pequena. Há tantos complicadores no caminho até a formação de um consenso na base pelo apoio a Vanderlan, e há tantos fatores ainda indefinidos, que quem apostar neste cenário provavelmente vai perder dinheiro.
A ideia de dessa aliança certamente agrada a Vanderlan Cardoso, que ainda não tem um grupo político grande o suficiente para eleições majoritárias. O atual presidente do PSD é uma força que precisa ser reconhecida, até porque está em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos quando se retira o nome de Gustavo Mendanha (MDB) das estimuladas. Mas o que justifica sua boa colocação não é uma campanha estruturada no apoio das lideranças – é o recall da eleição de 2020, quando ficou em segundo lugar, perdendo para Maguito Vilela.
Aquelas eleições, inclusive, são até hoje a principal fonte de complicações para Vanderlan Cardoso. Uma breve recapitulação: em 2020, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB) apoiou Vanderlan Cardoso para prefeito de Goiânia sob a condição de receber de volta seu apoio em 2022´nas eleições para governador. Quando a data chegou, entretanto, Vanderlan Cardoso coordenou a campanha de Vitor Hugo (PL) .
Em cerca de 17 anos de trajetória, o atual líder do PSD passou por PR, PMDB, PSC, PSB e PP. Ficou conhecido pela independência, tendo pouca base nos municípios e poucos amigos. Há muito que a pecha da traição acompanha Vanderlan Cardoso, e Ronaldo Caiado é um político notório por não se esquecer das afrontas que sofre. Convencer o governador a apoiar Vanderlan Cardoso novamente para o mesmo cargo que o levou a ser traído será um trabalho árduo.
Outro fator que joga contra o líder do PSD é o fato de que seu partido já está com Ronaldo Caiado. À primeira vista, pode parecer positivo para o presidente do partido estar em meio àqueles com afinidade pelo governador, mas, pensando de forma estratégica pelos olhos de Ronaldo Caiado, há pouco a se ganhar apoiando Vanderlan Cardoso. Os deputados estaduais do PSD, Cairo Salim e Wilde Cambão, já fazem parte da base do governo e o ex-deputado federal Francisco Júnior foi indicado por Caiado para a presidência da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego). Em outras palavras: não é preciso apoiar Vanderlan para ter o apoio do grupo de Vanderlan (se é que este é seu grupo).
O palpite de que Vanderlan Cardoso será o candidato do governismo em 2024 é tentador, porque a retirada de sua peça do tabuleiro em 2026 seria conveniente para os outros jogadores. Mas é uma tentação ingênua essa, pensar que acabar com todos os concorrentes é uma coisa possível e desejável na política. Certo desejo de mudança é inerente à qualquer eleitorado democrático e, se não for Vanderlan Cardoso, será outro candidato a encarná-lo. Tudo mais constante, é melhor que o governo escolha seus opositores, e escolher se opor a um candidato fragilizado e isolado como está o senador neste momento é a melhor alternativa.
A ideia de aliar Vanderlan Cardoso passa ainda pela crença de que o senador retribuiria o favor apoiando Daniel Vilela (MDB) em 2026. Isso pressupõe que não vai haver outra traição. Se a base governista aprendeu a lição em 2022, quais maneiras existem de garantir que Vanderlan Cardoso não cometerá outra traição? Existe apenas uma.
A saída de Vanderlan Cardoso da liderança do PSD e sua filiação ao MDB seria a única hipótese que permitiria que a base governista pudesse encarar o senador como um político mais confiável. A migração partidária seria extremamente conveniente para Gracinha Caiado (UB) e Daniel Vilela, que teriam céu de brigadeiro em 2026. Entretanto, considere a perspectiva de Vanderlan Cardoso: será conveniente abandonar a liderança do PSD?
São tantas etapas que Vanderlan Cardoso deve cumprir sem que nenhum imprevisto surja no período de um ano que – neste ponto – é arriscadíssimo apostar dinheiro no cenário em que o senador se torna novamente o candidato da base governista ao comando da prefeitura de Goiânia.
(I.C.W)