Há duas Caldas Novas: a dos moradores — a mais sofrida — e a dos turistas.

A dos turistas, dada a água quente dos hotéis, é uma maravilha. É o que os moradores chamam de “céu das águas quentes”.

A dos moradores é uma tragédia. As ruas estão esburacadas e sujas. Para piorar, falta água.

Sim, falta água para beber, para tomar banho, escovar os dentes etc. O principal problema do município é este: falta água.

Quando o sistema de abastecimento de água foi municipalizado — dando-se a criação do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Demae) —, políticos locais comemoraram, falando em “autonomia”. Percebia-se, então, apenas o bônus, esquecendo que há também ônus.

Na verdade, era uma ação populista e o gestor da época acreditou que teria mais dinheiro em caixa. O dinheiro até entra, todo mês. E não é pouco dinheiro. Porém, a estrutura do Demae custa caro — fala-se num cabidão de empregos “políticos” — e não sobram recursos para investimentos com o objetivo de melhorar o abastecimento de água.

Chama-se o Demae de “Demãe”. Mas “Demãe” para quem? Talvez para os gestores do município — e nem está se falando do prefeito Kleber Marra (MDB), que pegou o barco andando e não toma nenhuma medida concreta para melhorar o abastecimento de água do município.

O que os moradores querem? Simples: mais água. Sim, água. É provável que, em algum momento, se organize um movimento para devolver os serviços de água e esgoto para a Saneago, que, ao contrário dos municípios, investe há anos para melhorar o sistema de abastecimento em todo o Estado de Goiás. Na verdade, já há um clamor, ainda difuso, pela volta da Saneago.

Há outro caso de populismo político. Em Catalão, para se contrapor à Saneago, a prefeitura, não na gestão atual, “tomou” os serviços de água e esgoto do Estado e o tornou municipal. Recentemente, o prefeito Adib Elias tentou passar a concessão para o setor privado. Houve reação na cidade. Mas o fato é que o gestor municipal caiu na real. A ficha caiu. A gestão local não tem condições de fazer os investimentos adequados para melhorar o sistema de abastecimento e ampliar a rede de esgoto do município.

Há pouco tempo, municípios do Entorno de Brasília também chegaram a se rebelar contra a Saneago. Assim como os gestores de Caldas Novas e Catalão, os dos municípios do Entorno do Distrito Federal acreditam que terão mais recursos, se a água for municipalizada. É uma ilusão. Pois, quando forem fazer os investimentos, que são altamente dispendiosos, quebrarão a cara.

Tudo indica que os prefeitos do Entorno de Brasília caíram na real e não vão seguir o exemplo aloprado de Caldas Novas e Catalão. (E.F.B.)

Outro lado

Assessoria de Imprensa da prefeitura de Caldas Novas faz 2 esclarecimentos

1 — O prefeito Kleber Marra trocou o Republicanos pelo MDB.

2 — Muitas medidas estão sendo tomadas para mudar essa realidade, herdada por gestões que, por anos, não investiram em saneamento. Um exemplo claro foi o início, nesta última semana, da conclusão da obra de duplicação da adutora de água bruta. Além de muitas outras que serão feitas com recursos do Finisa, no valor de R$ 30 milhões.