Mulher de prefeito recebe salário quase igual ao do secretário de Comunicação de Bolsonaro
05 maio 2020 às 16h47
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Formada em Contabilidade, Carla Reis foi nomeada para receber 12,5 mil reais por mês. O marido acha “justo”
O Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados e uma população de 210 milhões de habitantes. Para formular a comunicação da Presidência da República, que deve atingir todo o país, Fábio Wajngarten — o secretário de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro — percebe, mensalmente, 17,3 mil reais. Já a secretária de Comunicação de Alagoinhas, Carla Reis, ganha 12,5 mil reais. Ou seja, apenas 4,8 mil reais a menos. O município do Estado da Bahia tem 718 km² e conta com uma população de 151.596. A comparação mostra a falta de parâmetros do prefeito e fica evidente que ele confunde “legalidade” com “falta de legitimidade”.
Mas há detalhes tão surpreendentes quanto o salário gigante para uma tarefa mignon. Carla Reis é mulher do prefeito Joaquim Neto, do PSD — o partido do ex-ministro Gilberto Kassab. Segundo, não tem especialização nenhuma na área de Comunicação. É formada em Contabilidade.
Ante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, o prefeito Joaquim Neto garante que está cortando custoso. Reduziu seu salário em 25%. Mas o corte, de 5,5 mil reais, é bem menor do que o “presente” que deu à sua mulher — 12,5 mil reais. A renda da família, com dinheiro da prefeitura, ficou ainda maior, e não menor.
Médico reumatologista, Joaquim Neto, que está no seu quarto mandato, apresenta uma defesa que não convence nem meninos de 10 anos: “O intuito foi preencher uma vaga que estava interinamente ocupada por um secretário que acumulava outra pasta”. Mas não respondeu à pergunta apropriada: por que tinha de nomear logo sua mulher? E por que o salário gigante?
Logo depois de nomear sua mulher, e até agora não prometeu desnomear, Joaquim Neto divulgou a informação de que a arrecadação da prefeitura caiu 25% em março deve cair 40% em abril.