Ex-líder estudantil em Goiânia, ex-deputado estadual por Goiás, ele se tornou deputado federal pelo Tocantins

O ex-deputado federal Edmundo Galdino morreu na quinta-feira, 22, em decorrência de complicações derivadas da Covid-19. Estava se tratando de problemas renais, e teve uma parada cardíaca. Tinha 62 anos.

Edmundo Galdino foi líder estudantil (leia mais adiante) em Goiânia, tanto na UFG quanto na UCG. Em 1982, foi eleito vereador em Araguaína, no Tocantins. Em 1985, quando participava de uma reunião com trabalhadores rurais, foi baleado com quatro tiros por dois pistoleiros. Um dos tiros atingiu sua coluna, o que o deixou paraplégico. Ele foi operado em Goiânia pelo ortopedista Ronaldo Caiado (hoje, governador de Goiás), cuja perícia salvou-lhe a vida. Eram adversários políticos, mas se respeitavam.

Edmundo Galdino: mesmo numa cadeira de rodas, nunca desanimou | Foto: Facebook

Em 1986, Edmundo Galdino foi eleito deputado estadual por Goiás. Sem deixar sua cadeira de rodas. Quando o Estado do Tocantins foi criado, em 1988, foi eleito deputado federal, desligando-se de Goiás. Era um mandato-tampão. Na disputa de 1990, foi reeleito. Era um dos políticos mais ativos e propósitos do Estado-irmão de Goiás.

Edmundo Galdino foi presidente do PSDB do Tocantins e militou no PPS (hoje Cidadania) e no PDT. Além de político, era agropecuarista. Foi diretor de Administração e Finanças e, depois, assessor especial do Incra. E foi presidente da Agência Tocantinense de Saneamento.

A luta estudantil de Edmundo Galdino

Estudante de História, na Universidade Federal de Goiás (UFG), e de Direito, na Universidade Católica de Goiás (UCG), Edmundo Galdino era, desde cedo, um político (ainda sem mandato) aglutinador. Além das festas da universidade, eventualmente os festejos eram em sua casa, no Setor Sul, em Goiânia. Lá compareciam próceres do mundo estudantil como Cleuber Carlos, Marcão “da Banca” Araújo, Adalberto Monteiro (ótimo poeta), Osmar Pires, Edmar, Marcos Torres, Julião, Nonô, Edvirges, Francisco Barros, Anselmo Pessoa, Romualdo Pessoa, Deusmar Barreto (um dos oradores mais notáveis), Denise Carvalho, Gilvane Felipe, Márcia Alencar, entre tantos outros. Os articuladores da tendência estudantil Viração pertenciam a uma geração preparada, madura e idealista, que lutava, no início da década de 1980, pela redemocratização do país, ao mesmo tempo que se divertia, inclusive nos forrós do DCE da Federal.

Edmundo Galdino, troncudo e com seu estilo-trator, era uma força da natureza. Estava sempre disposto a se manifestar, a fazer faixas, pregar cartazes e a participar das lutas estudantis e do povão. Era uma voz poderosa — mais pragmática do que, a rigor, ideológica. Apreciava conversar e ouvir os amigos. Mas era duro com os adversários, sobretudo aqueles que chamava de “pessoal da Reforma” — do Partido Comunista Brasileiro (PCB, Partidão) — e a “turma da socialdemocracia” (como os petistas eram vistos).

Nos protestos contra a má qualidade do transporte coletivo, Edmundo Galdino era dos operadores do pula-catraca. Quando detido, com vários colegas, não se incomodava. Percebia o movimento como uma vitória. Na época, ele era filiado ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), que era ilegal. Costumava vender o jornal “Tribuna da Luta Operária” nos corredores das universidades e era leitor, dos mais convictos, dos livros de Stálin e Enver Hoxha. Era um bravo. (E. F. B.)