Ministro de Temer teria autorizado Incra a pagar indenização de R$ 469 milhões a fazendeiro de Goiás

30 novembro 2016 às 11h11

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Do procurador do Incra Junior Divino Fideles: “Não me sinto confortável em aprovar um negócio de tal magnitude, pois não há parecer meu no processo”. Diretor avalia que o preço é quatro vezes acima do de mercado

A reportagem “A difícil travessia para o futuro”, de Daniel Pereira e Hugo Marques, da revista “Veja” (edição de 30 de novembro), conta sobre ações de Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil, envolvendo o Incra e a compra de uma fazenda em Goiás por quase meio bilhão de reais.
O relato da revista: “As complicações nem se resumem à Lava-Jato. O próprio ministro Eliseu Padilha anda às voltas com as suspeitas de ter autorizado o pagamento de fabulosos 469 milhões para a desapropriação de uma fazenda no interior de Goiás, a Estreito da Ponte de Pedra, com 4.900 hectares, onde estão assentadas 114 famílias. Por esse preço, era melhor dar 4 milhões de reais a cada família.”
Revolta no Incra e valor acima do de mercado

Continua o relato da “Veja”: “Quando os diretores do Incra, órgão responsável por questões agrárias, souberam da indenização, houve revolta. O procurador do Incra, Junior Divino Fideles, disse: ‘Não me sinto confortável em aprovar um negócio de tal magnitude, pois não há parecer meu no processo’. Outro diretor lembrou que avaliações técnicas exigidas pela lei nem sequer haviam sido feitas. Outro ainda avaliou que o preço é quatro vezes acima do de mercado. ‘Isso a Casa Civil vai resolver’, respondeu o presidente do Incra, Leonardo Góes Silva. Ou seja: o caso foi parar na Casa Civil, sob as asas de Padilha, tal como queriam que ocorresse no caso do prédio de Geddel [Vieira]”.
Versão de Padilha e confirmação de Jovair Arantes