O deputado teme que, em 2018, dadas as medidas duras mas necessárias que o governo está tomando, um populista seja eleito presidente da República

Thiago Peixoto e Michel Temer: o deputado percebe o vice-presidente como um político capaz de retirar o país da crise política e econômica | Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção / Marcelo Camargo / ABr
Thiago Peixoto: “Temer diz que Marconi Perillo tem boas ideias e que lidera governadores” | Fotos: Fernando Leite / Jornal Opção / Marcelo Camargo / ABr

O deputado federal Thiago Peixoto, do PSD de Goiás, ligou para o Palácio do Planalto na segunda-feira, 19, e solicitou uma audiência ao presidente da República, Michel Temer. Já na terça-feira, 20, os dois conversaram, durante 30 minutos, a respeito de vários assuntos. “Percebi que Temer aprecia o diálogo franco e direto com os parlamentares. Acima de tudo, ouve o que o interlocutor diz com atenção.”

Numa conversa franca, Michel Temer disse a Thiago Peixoto: “Como não tenho pretensões eleitorais, não vou ficar preso na jaula da popularidade. Por isso, estou disposto a fazer as reformas, embora impopulares, que são cruciais para o país voltar a crescer e para enxugar o Estado”. O presidente mencionou a PEC do teto dos gastos públicos, as mudanças na Previdência, a mini-reforma trabalhista e a mudança no ensino médio. “Não vou ser beneficiado pelas reformas, cujos resultados demorarão, no geral, a serem sentidos.” O parlamentar goiano diz que achou “bacana” a visão de estadista de Temer. “O estadista é o político que tem coragem de fazer as coisas necessárias, mas que não agradam. Temer mostra coragem e autoridade. A reforma do ensino médio era citada por todos os ministros, mas só Temer ousou fazê-la.”

Como Thiago Peixoto percebe Temer? “O presidente tem posição aparentemente imperial. Na verdade, é democrata e, sobretudo, não é nada populista. De cara, percebe-se que não está em busca do aplauso popular, e sim de ajustar o país. Em termos políticos, é hábil e cativa o interlocutor.”

Na conversa, Temer falou “bem” do governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. “Temer me disse: ‘Escuto o governador Marconi com frequência. Ele tem boas ideias e lidera parte dos governadores do país’”.

Thiago Peixoto avalia que as reformas de Temer são duras mas necessárias, mas tendem a gerar, já na eleição de 2018, candidatos que nomina de “não-Temer”. Noutras palavras, o que está dizendo é que o estilo firme, seguro e não populista de Temer pode gerar o seu oposto, o político populista com chance de ganhar as eleições presidenciais. “Vive-se a maior crise da história do país e o presidente está tentando consertar a casa. Porém, como o tempo é exíguo, é difícil colher os louros. Às vezes, quem vai colher os louros são aqueles políticos que, no lugar de propor uma pauta realista, começarem a atacar a política econômica de Temer”, analisa o deputado federal.