Um repórter perguntou para dois pesquisadores e três marqueteiros: “Gustavo Mendanha, candidato a governador pelo Patriota, tende a sair menor ou maior da campanha eleitoral?”

O que se lerá a seguir é uma síntese dos que os entrevistados, que preferiram o anonimato — por causa de seus “trabalhos” profissionais (um deles já prestou serviço para Mendanha) —, disseram.

A conclusão mais peremptória é que, sim, Mendanha, se perder a eleição, sairá muito menor do que quando deixou a Prefeitura de Aparecida de Goiânia para disputar o governo de Goiás.

Porém, não é a derrota em si (que pode ou não acontecer) que o tornou “menor”, que o “apequenou”, pontuam os cinco experts.

O que realmente tornou Mendanha menor foi sua incapacidade de articulação. Como não há ninguém experiente, em termos de disputa política, ao seu lado — prevaleceu ao amadorismo —, o jovem político só cometeu erros.

O primeiro equívoco, postulam, é que não soube escolher um partido forte, com estrutura enraizada no interior, com fundo eleitoral e tempo de televisão. Ao optar por uma “ong” (ou sub-ong), o Patriota, Mendanha não teve a percepção de que estava disputando o governo do Estado, tendo de buscar votos em 246 municípios, e num Estado que é maior do que Portugal, Israel e Cuba juntos.

Outro “equívoco gigante”, de acordo com os marqueteiros e os pesquisadores, foi não ter “colado” em Marconi Perillo, que, mesmo com desgaste, “tem voto”. Um dos marqueteiros disse que, se não queria Perillo na sua chapa, por conversou com ele o tempo inteiro (na pré-campanha), inclusive visitando-o em seu apartamento em São Paulo e em sua chácara em Pirenópolis. Não adianta culpar Jorcelino Braga e o deputado federal Alcides “Cidinho” Rodrigues (que, de fato, abomina o tucano), pois quem realmente decide as alianças é o candidato a governador.

A única aliada de fôlego que Mendanha conquistou foi a deputada federal Magda Mofatto, que lhe emprestou (gratuitamente) um helicóptero (sempre abastecido) e um piloto para a pré-campanha e para a campanha. Em agradecimento, o ex-prefeito colocou-a em Aparecida de Goiânia, descolocando alguns vereadores para apoiá-la — o que acabou gerando uma crise, de caráter incontornável, com o deputado federal Professor Alcides Ribeiro (PL), que se sentiu “traído”.

Deputados que tinham simpatia por Mendanha, como Paulo Cezar Martins — que realmente tem voto —, agora se mantêm afastados. Temem que o candidato a governador os “puxe” para baixo, quer dizer, para uma derrota. Como se sabe, são os candidatos a deputado federal e estadual que realmente operam as campanhas no interior, porque circulam, em todos os municípios, o tempo todo.

Mandato de vereador em Goiânia: salto para trás

Sobre o futuro de Mendanha, os cinco entrevistados disseram que é preciso esperar. Apesar de frisarem que já ficou menor, por não ter expectativa de poder, admitem que, como Aparecida de Goiânia ficou pequena para ele, o caminho talvez seja disputar mandato de vereador em Goiânia, em 2024, daqui a dois anos.

Mendanha teria feito uma consulta jurídica sobre a possibilidade de disputar a Prefeitura de Goiânia em 2024. O resultado teria sido “negativo”. Como Aparecida e Goiânia são cidades conurbadas, configuraria disputa de um terceiro mandato consecutivo (ele foi eleito e reeleito em Aparecida). Porém, não há nenhum empecilho no caso de disputar mandato de vereador. Se for candidato, de acordo com um aliado, almeja disputar a presidência do Legislativo. “Gustavo é relativamente articulado e pode derrotar, entre outros, Romário Policarpo”, diz um dos marqueteiros.

Mas qual seria o objetivo de disputar mandato de vereador, ainda que na capital? Primeiro, porque Goiânia dá visibilidade. Segundo, não ficaria, se eleito, fora da política. Terceiro, poderia disputar mandato de deputado federal em 2026, com força política nos dois municípios com maior eleitorado de Goiás: a capital e Aparecida.

Em 2028, já com presença em Goiânia, poderia disputar a prefeitura. Mendanha está pensando nisto? Por enquanto está focado na disputa para o governo, mas, ante a falta de expectativa de poder, certamente já está pensando em alternativas para o futuro. Há quem diga que o ex-prefeito estaria enviando mensagens de paz para o ex-amigo Daniel Vilela, o vice do governador Ronaldo Caiado. Fala-se também que teria ameaçado a jogar a toalha, mas, a rigor, ele nunca disse isto publicamente. Que está desanimado, não há menor dúvida, dizem marqueteiros e pesquisadores. Seu programa na televisão parece feito para cumprir tabela, não há qualquer empolgação e vibração.