Marconi puxa orelhas de auxiliares e quer sua equipe falando menos em crise e mostrando ações do governo

23 maio 2015 às 14h17

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Nos mais recentes encontros, o governador Marconi Perillo tem puxado as orelhas de alguns de seus principais auxiliares. O tucano-chefe tem sugerido, com sua perspicácia habitual, que é preciso reorientar o discurso do governo, que deve ser mais proativo e falar menos de crise e cortes. No momento, a imagem cristalizada é de que o governo não tem dinheiro para nada, por isso as secretarias estariam paralisadas e os secretários teriam se tornado figuras meramente decorativas.
O que o governador está sugerindo é que os secretários saiam da inércia — até confortável àqueles que não querem mesmo produzir —, usem mais criatividade e mostrem à sociedade que o governo está trabalhando. Sua gestão, mesmo com os parcos recursos contingenciados, estaria inaugurando obras no interior e concluindo obras em alguns municípios, como o credeq de Aparecida de Goiânia, o centro de excelência e o Hospital de Urgências 2 de Goiânia, e o centro de convenções de Anápolis. Em suma, os passos do governos são mais lentos, por falta de recursos financeiros, mas são passos — não se está “parado”.
Aos mais descrentes, Marconi Perillo tem dito, de maneira enfática, que o governo está enxugando suas estruturas estatais com o objetivo de se recuperar a capacidade de investimento do setor público. Ressalta que, em 2016, as contas ajustadas levarão a que o Estado possa obter novos financiamentos.
Embora não esteja fazendo proselitismo a respeito de três questões, exceto com os mais íntimos, Marconi Perillo persiste otimista sobre a possibilidade de recursos, por assim dizer, extras. O governo de Goiás tem cerca de 2 bilhões a 3 bilhões para “receber” da Codemin. O dinheiro não entraria no caixa, pois seria utilizado para abater a dívida do Estado. Feito isto, o governo poderia deixar de pagar cerca de 80 milhões por mês — o equivalente, num ano, a quase 1 bilhão de reais.
A privatização da Celg, que pode sair em 2015 — o realismo sugere 2016 —, colocará ao menos 3 bilhões no caixa do Estado. O que reorganizaria as contas do governo em curtíssimo prazo. Há também a possibilidade de o governo utilizar pelo menos 70% de depósitos judiciais que estão em bancos. De imediato, o governo poderia pôr a mão em 500 milhões ou 700 milhões de reais.
Marconi Perillo é contra a tese do “otimismo em gotas”, mas também abomina o “pessimismo em ondas”. Aliados dizem que tem “sorte”. De fato, tem. Porém, se não trabalhasse, se não buscasse novos recursos e parcerias, a sorte não bastaria. O tucano é atento e perceptivo. Do ponto de vista estritamente político, quando as oposições começam a desvendá-lo, cristalizando uma crítica, o político-gestor apresenta um viés diferente, acrescendo uma novidade, mostrando-se mutante, e a crítica cai por terra.