O senador Vanderlan Cardoso, do PSD, é um político que articula, e bem, nos bastidores.

Com relativa discrição, pressionou o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab — sugerindo que estaria próximo do Republicanos e, menos, do PL —, e conseguiu derrubar Vilmar Rocha da presidência do partido em Goiás.

Os argumentos de Vanderlan Cardoso, apresentados a Kassab, são politicamente válidos. Primeiro, tem mandato de senador, e Vilmar Rocha não tem mandato nem mesmo de deputado estadual. Segundo, é presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, uma das mais importantes do Senado. Terceiro, aparece bem nas pesquisas de intenção de voto para prefeito de Goiânia. Noutras palavras, é o nome mais forte do PSD em Goiás, em termos eleitorais, porém não tinha poder equivalente no partido.

Wilder Morais, Vitor Hugo e Gustavo Gayer: guerra contra Vanderlan Cardoso | Foto: Reprodução

Articulador hábil, Vanderlan Cardoso disse à imprensa que vai discutir a sucessão em Goiânia, se será candidato ou não, em 2024. Nos bastidores, sobretudo, o senador conversa com líderes partidários e empresariais e a todos afirma que será candidato. Tanto que, no momento, já está operando a montagem de uma base de candidatos a vereador.

Se disputar mandato de prefeito de Goiânia, Vanderlan Cardoso não perde nada, ou melhor, mesmo se for derrotado, perde muito pouco. Primeiro, mantém seu nome na mídia. Segundo, mantém seu nome na lembrança dos eleitores — o que poderá ser importante para a disputa da reeleição em 2026. Terceiro, se ganhar e se fizer uma administração eficiente, pode se cacicar para a disputa do governo em 2030

Entretanto, há uma pedra no caminho de Vanderlan Cardoso. Uma pedra grande. Trata-se da falta de uma base política estruturada e forte na capital.

A tendência é que o senador vá para a disputa — e irá, com certeza —com uma base político-eleitoral bem pequena. O PL vai lançar o deputado federal Gustavo Gayer para prefeito. Este parlamentar, desde já, se apresenta, não como adversário, e sim como inimigo de Vanderlan Cardoso. Ele argumenta que o líder do PSD opera, na Justiça e nos bastidores, com o objetivo de que tenha o mandato cassado e se torne inelegível.

Gustavo Gayer vai promover uma guerra sem quartel a Vanderlan Cardoso. Ele é bom sobretudo quando está em guerra. E guerra não é o forte do senador — que é um político dos bastidores, das negociações. Os eleitores de direita, liderado pelo deputado federal, certamente se afastarão do postulante do PSD — o que reduzirá ainda mais sua força.

Presidente do PL em Goiás, o senador Wilder Morais já avisou a Vanderlan Cardoso que não vai apoiá-lo, pois será o coordenador da campanha de Gustavo Gayer — atendendo um pedido direto do ex-presidente Jair Bolsonaro, que virá a Goiânia para bancar a candidatura do deputado.

Se não tem o PL, se não tem o prefeito, se não tem o governador, se não tem o PT de Lula da Silva, quem Vanderlan Cardoso terá a apoiá-lo em 2024? Não se sabe.

Inteligente e dotado de perspicácia, Vanderlan Cardoso assistiu, de camarote, a derrota de Gustavo Mendanha para governador de Goiás, em 2020. Sabe que o principal motivo foi seu isolamento político, pois, a rigor, nem mesmo partido tinha — o Patriota era, no máximo, uma espécie de “ong”.

Sabendo que Mendanha perdeu, em certa medida, porque não conseguiu agregar uma frente política, o que fará Vanderlan Cardoso? Não se sabe.

Mas é certo que Vanderlan Cardoso vai tentar articular uma frente política mínima para dotá-lo de alguma estrutura de campanha. Não se trata de obter recursos — o que ele tem condições de reunir. Na verdade, o que o senador precisa é de gente — com força política — ao seu lado. O que dificilmente terá.

Qual será, então, o caminho de Vanderlan Cardoso? Talvez “abraçar” o ex-governador Marconi Perillo. Interlocutores dos dois lados estariam tentando aproximá-los.

A tese de que antes mal acompanhando do que só é válida em política. Portanto, não haverá nenhuma surpresa se, em 2024, os eleitores assistirem Vanderlan Cardoso e Marconi Perillo “abraçados”. E isto porque restou a ambos a companhia um do outro.

Comenta-se que Vanderlan Cardoso também vai buscar o apoio de Jorcelino Braga e da deputada Magda Mofatto — cujo domicílio eleitoral fica em Caldas Novas. Frise-se que Braga e Marconi Perillo não se toleram. (E.F.B.)