Marconi Perillo é tido como conselheiro informal de Gustavo Mendanha

10 maio 2021 às 19h02

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No lugar de ouvir Iris Rezende e Daniel Vilela, o prefeito de Aparecida, picado pela mosca azul, aconselha-se com políticos de “espólio” negativo
Gustavo Mendanha, de 38 anos, foi vereador e é prefeito de Aparecida de Goiânia pelo MDB. Está no segundo mandato. Nunca foi deputado estadual nem deputado federal. A rigor, não tem uma experiência na política estadual e nacional — ao contrário de Daniel Vilela que foi vereador em Goiânia, deputado estadual, deputado federal, candidato a governador e é o atual presidente do MDB. Além disso, é filho de um político — Maguito Vilela —, que foi deputado federal, vice-governador, governador, senador, vice-presidente do Banco do Brasil e prefeito de Aparecida de Goiânia.

Portanto, há uma diferença abissal entre Gustavo Mendanha e Daniel Vilela, que é mais experiente. Por isso, a tendência — repita-se tendência — é que, se o MDB bancar um candidato a governador em 2022, o nome seja o de Daniel Vilela.
Pensando no MDB, que completará 24 anos fora do poder, em 2022, Daniel Vilela admite a possibilidade de compor com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas. Não está sozinho. Iris Rezende e Haley Margon Vaz, líderes históricos do partido, apostam numa aliança com Ronaldo Caiado. Agenor Mariano, ex-prefeito de Goiânia, também admite a aliança. Daniel Vilela sabe que, se perder em 2022, o MDB ficará ainda mais fraco — o que possibilitará o surgimento de uma nova força política para ocupar seu espaço. Numa composição com o líder do partido Democratas, o MDB terá chance de fazer o vice-governador — ou talvez o senador — e de eleger de dois a três deputados federais (que é o que o MDB nacional está cobrando do partido em Goiás).
A experiência de Daniel Vilela contribui para uma leitura mais ampla do processo — uma leitura que tem um olho no presente e o outro olho no futuro.

Gustavo Mendanha, que deveria concluir eu mandato — até para sair consagrado da prefeitura (se deixar a gestão, irá para a planície e acabará quase sozinho) —, segundo emedebistas históricos, estaria sendo aconselhado pelo empresário Sandro Mabel e pelo ex-governador Marconi Perillo a disputar o governo de Goiás, em 2022. Marconi Perillo estaria, inclusive, visitando o jovem político na sede da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Um emedebista conta que o gestor municipal montou um restaurante na prefeitura e que o ex-governador teria indicado a cozinheira. Ou seja, a relações, de tão próximas, chegaram à cozinha. O tucano teria se tornado uma espécie de conselheiro informal do emedebista — tutelando-o.
Por ser jovem, é natural que Gustavo Mendanha teria sido picado pela mosca azul e ouça conselhos de quem não está pensando no prefeito, mas nos seus próprios projetos. Na verdade, Marconi Perillo, assim como Sandro Mabel, não acredita realmente que ele tenha chances eleitorais em 2022. Mas quer bancar um candidato para acoplar seu próprio projeto — que é disputar mandato de deputado federal e, com isso, ganhar “imunidade” parlamentar. Resta saber se o prefeito de Aparecida, por mais inocente que seja, vai aceitar e carregar o “espólio” tanto de Marconi Perillo quanto de Sandro Mabel.
Um emedebista histórico recomenda que Gustavo Mendanha ouça Daniel Vilela e Iris Rezende, porque os dois estão com os pés firmemente “calcados” na realidade. Eles saberão dizer, com todas as palavras, porque um projeto com Ronaldo Caiado é mais exequível do que um projeto para tentar, digamos, “salvar” Marconi Perillo e Sandro Mabel. Porque a questão é esta: os dois veteranos querem usar o jovem prefeito mais para tentar “reconstruir” suas histórias. Às custas, quem sabe, de enterrar, prematuramente, a história de Gustavo Mendanha.