Márcio Corrêa pode ser alternativa pra polarizar com Gomide já no 1º turno
10 dezembro 2023 às 00h01
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Leitores perguntam: qual é o quadro real da política de Anápolis — em termos de disputa para a prefeitura, em 2024, daqui a nove meses e alguns dias? Difícil explicar, tal a complexidade do cenário ou cenários.
A rigor, há apenas um candidato — pré-candidato — efetivamente definido: o deputado estadual Antônio Gomide, do PT. Isto talvez seja um dos motivos para o petista aparecer em primeiro lugar. Ele deslanchou e, de acordo com algumas pesquisas, tem mais de 30% das intenções de voto.
Os demais partidos ainda estão tateando. O MDB tem dois nomes emblemáticos: Márcio Corrêa, deputado federal, e Amilton Filho, deputado estadual.
Márcio Corrêa é o preferido do vice-governador Daniel Vilela (MDB) e Amilton Filho teria um certo entusiasmo do Palácio das Esmeraldas.
Se proceder que o governador Ronaldo Caiado será o coordenador da base governista em Anápolis, e seu candidato não for Márcio Corrêa, a tendência é que o deputado saia do MDB e seja candidato pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, do senador Wilder Morais e do ex-deputado federal Major Vitor Hugo. O parlamentar e empresário tricota com o bolsonarismo há algum tempo (acompanhou Bolsonaro à posse do presidente Javier Milei, na Argentina). Ele tem dito que não quer “constranger” o aliado e amigo Daniel Vilela, que talvez não tenha como bancá-lo pelo MDB.
Por sinal, Márcio Corrêa é, no momento, o único que se aproxima de Antônio Gomide. Ele descolou dos demais pré-candidatos — o que sugere uma polarização entre o postulante da esquerda e o postulante da direita bolsonarista.
O prefeito de Anápolis, Roberto Naves, do Republicanos, e Márcio Corrêa se tornaram, mais do que adversários políticos, inimigos pessoais. Os dois não se toleram. Fica-se com a impressão de que o gestor municipal quer mais derrotar o deputado do MDB do que ganhar a eleição com seu próprio candidato.
No início, Roberto Naves tentou colocar no jogo uma secretária, mas seu nome não “pegou”. Então, tentou Major Vitor Hugo, mas este permanece tricotando com Márcio Corrêa. Por isso, o prefeito mudou de tática e agora está bancando a pré-candidatura do vice-prefeito, Márcio Cândido.
Márcio Cândido é evangélico, respeitado na cidade, e, se trocar o PSD do senador Vanderlan Cardoso pelo União Brasil, passa a contar com uma estrutura político-eleitoral consistente. Obter o apoio de Roberto Naves — com ou sem desgaste, não é nenhuma galinha morta; pelo contrário, terá peso na disputa de 2024 — e de Ronaldo Caiado poderá fazer a diferença na disputa. Uma das consequências é que Daniel Vilela possivelmente não participará da campanha.
Há uma questão relevante, mas pouco mencionada: com três candidatos fortes — Antônio Gomide, Márcio Corrêa e Márcio Cândido —, a disputa será levada, obrigatoriamente, para o segundo turno. No segundo turno, a direita (ou centro-direita) pode se unir, de maneira integral, contra o candidato do PT.
Se for possível criar uma polarização esquerda versus direita já no primeiro turno, o candidato mais forte da direita — ou centro-direita — é Márcio Corrêa. Talvez seja mais pragmático bancar quem já está crescendo — e mais próximo de Antônio Gomide — do que apostar em quem ainda poderá crescer. Inventar candidatos às vezes não é a melhor pedida. Um pouco de razão, dos vários lados, pode acabar levando ao apoio de Márcio Corrêa — que, com o apoio de Ronaldo Caiado, de Daniel Vilela, de Roberto Naves e do bolsonarismo, passa a ter chances elásticas de derrotar o postulante do PT, talvez já no primeiro turno. (E.F.B. — WhatsApp: 99973-9629)