No interior de Goiás, na maioria das cidades, assiste-se um tráfego cada vez maior de candidatos a deputado estadual e federal. Como se sabe, quem pega realmente o boi pelo chifre — ou seja, quem realmente faz as campanhas eleitorais — são aqueles que postulam vagas na Assembleia de Goiás e na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Candidatos a deputado são seres racionais — acima de tudo, pragmáticos. Portanto, neste momento, verifica-se uma debandada de candidatos que, em teoria, são pró-Gustavo Mendanha, postulante ao cargo de governador de Goiás pelo Patriota (“ong” que está se tornando uma “nano-ong”).

Os candidatos dizem que apoiam Mendanha para governador. “Dizem” é a palavra-chave. Na prática, estão cuidando de suas próprias campanhas. Por quê?

Porque Mendanha não decolou e há a possibilidade de o governador Ronaldo Caiado ser reeleito no primeiro turno.

Gustavo Mendanha: “afogando” sozinho | Foto: Divulgação

Por isso, prefeitos e vereadores, além de outras lideranças municipais, e candidatos a deputado estão se afastando de Mendanha. Alguns chegam a se esconder. Um funcionário de uma prefeitura chegou a dizer para um mendanhista: “O prefeito foi para a fazenda”. Em plena campanha. Há outros que dizem que o grupo de Mendanha promete estrutura, como dinheiro — que, como d. Sebastião, o de Alcácer-Quibir, nunca chega.

Os candidatos a deputado supostamente pró-Mendanha estão dizendo aos prefeitos e vereadores mais ou menos o seguinte: “Apoiem Ronaldo Caiado para governador, como vocês querem, mas não deixem de me apoiar”. No Entorno de Brasília, um prefeito apoia Magda Mofatto, porque ela tem o hábito de cumprir os tratos, mas apoia, de maneira decidida, a reeleição do gestor estadual. Se a deputada pressionasse, o prefeito fica com o postulante do União Brasil, e a abandonaria

Um candidato a deputado estadual mostrava-se empolgadíssimo com Mendanha, mas já mudou de aliados, agora faz dobradinha, em várias cidades, com um candidato a deputado federal do MDB. “Gustavo Mendanha? Nunca mais”, afirma. “Ele é o Senhor dos Erros, um equivocado do começo ao fim”, acrescenta.

Os deputados federais Magda Mofatto e Professor Alcides Ribeiro, do PL, podem até dizer que persistem apoiando Mendanha para governador. Mas é um apoio proforma. Porque, a rigor, estão cuidando de suas campanhas. Os dois, que são experts em política, não querem ser “puxados” para baixo, para uma derrota, pelo candidato ao Poder Executivo.

As alianças de Magda Mofatto e Professor Alcides, neste momento, estão cada mais vez mais distantes das alianças da turma de Mendanha. Os dois querem “sobreviver” e, na prática, concordam, sem o dizer, que, política e eleitoralmente, o ex-prefeito de Aparecida chegará “morto” no dia 2 de outubro deste ano. O “velório” e o “enterro” ocorrerão, provavelmente — se as pesquisas de intenção de voto estiverem corretas —, logo depois da contagem dos votos.

Aliados de Mendanha dizem que ele perde muito tempo em Aparecida de Goiânia — com intrigas locais. Mas ele “sabe” o que está fazendo, pois, se não conseguiu ser “majestade” no Estado, vai continuar tentando ser “príncipe” na cidade vizinha da capital. O problema é que o município tem “rei”, o prefeito Vilmar Mariano (Patriota), que, pós-eleição, também vai se dissociar de Mendanha — até para governar em paz, sem eminência parda.