Lula pode impor Marconi Perillo como candidato do PT em Goiás

06 fevereiro 2022 às 00h01

COMPARTILHAR
Mas parte do tucanato prefere o ex-governador como candidato a senador ou a deputado federal

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) é um político hábil. Num dia planta uma notícia sugerindo uma coisa. Por exemplo, que pode compor com Lincoln Tejota, sugerindo que não tem “problemas” com ele e com seu pai, Sebastião Tejota, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE). Ora, em 2018, quando Lincoln se tornou vice de Ronaldo Caiado (DEM), a máquina publicitária do tucanato, então ancorada no governo do Estado, o atacou com virulência, inclusive acusando-o de “traição”. Em seguida, espalha que pode ser candidato a governador ou a senador. Adiante, frisa que pode disputar mandato em 2022 aliado com Gustavo Mendanha (sem partido) ou com o PT de Lula da Silva e Kátia Maria.
Mas o que Perillo realmente fará? Depois de ouvir seis tucanos, todos com ligação histórica com o ex-governador, é possível concluir: nem ele sabe o que vai disputar em 2 de outubro de 2022. Por isso vai esperar um pouco mais, verificando a definição das alianças, para se posicionar. Por enquanto, contando com a boa vontade de repórteres e colunistas, vai atirando para todos os lados. Das conversas com os tucanos, depreende-se que Valéria Perillo, mulher do ex-gestor estadual, só não quer que ele dispute mantato de governador. Por quê? Um tucano pontifica: “É muito difícil, quiçá impossível, derrotar o governador Ronaldo Caiado, que está muito bem avaliado. Por isso, é muito melhor que dispute mandato de senador ou deputado federal”. Comenta-se também que, for candidato a governador, com mais exposição, as lembranças de que foi preso e respondeu a ações judiciais podem aumentar sua rejeição. “As pessoas vão se esquecendo, porém, se o assunto voltar à tona com muita virulência, o desgaste grudará como uma segunda pele”, admite um tucano, versado em pesquisas eleitorais.

Há, no tucanato, quem postule que Perillo deve ser candidato a deputado federal. “Porque é menos arriscado e há a possibilidade e ele ser eleito e ainda ‘puxar” um ou dois deputados federais, como Helio de Sousa e Lêda Borges. Sem ele no páreo, o PSDB corre o risco de não eleger nenhum deputado federal.” Porém, outro tucano se posiciona assim: “A disputa para o Senado tem uma vantagem. Se ele for eleito, terá a segurança de oito anos de mandato. Sendo assim, poderia disputar o governo em 2026, contra, possivelmente, Daniel Vilela”. Um terceiro tucano, de bico erado, postula que Perillo “tem condições de vencer Henrique Meirelles, que será, decerto, o candidato mais forte a ser enfrentado. Basta dizer que se trata, basicamente, de um ‘estrangeiro’ em Goiás e que nunca fez nada de positivo para o Estado. Quer um presente do eleitor sem dado sequer um presente aos goianos”.
Já de um petista o Jornal Opção ouviu: “Marconi disse para Lula que vai apoiá-lo para presidente no primeiro e, se houver, no segundo turno. Acrescente-se que o empresário Sandro Mabel também teria oferecido, em conversa com Lula, para ser candidato a governador”.

E se Perillo se oferecer para ser o candidato do PT a governador — filiando-se ou não ao partido? “O PT pode apoiar Marconi para governador desde que ele apoie Lula para presidente. Não sei se ele se filiaria ao PT, seguindo o exemplo anterior de seu padrinho político, Henrique Santillo, que se filiou ao partido na década de 1980. Sei que os principais petistas não gostariam de tê-lo como filiado, por falta de identidade política. Porém, se Lula disser que ele irá para o PT, ninguém vai discordar. Lula nunca teve tanto controle do PT como agora”, afirma um petista.
Um segundo petista admite que há conversações com Perillo e com o ex-governador José Eliton. “O PT pode indicar o vice ou o candidato a governador ou a senador. O fato é que, se Marconi apoiar Lula, a composição será feita sem nenhum problema. Cheguei a ouvir que a chapa poderia ser: José Eliton para governador, Marconi Perillo para senador e Wolmir Amado para vice. Mas o fato é que não há nada definido. Mas é quase certo que Marconi caminhará com o PT em Goiás. Ele não estará no palanque de Gustavo Mendanha e do presidente Jair Bolsonaro”.