Já em recuperação judicial, o grupo Saraiva está tentando negociar custos. Mas não será fácil, pois a empresa está descapitalizada

Mesmo antes da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, e não há pouco tempo, dava tristeza entrar numa unidade da Livraria Saraiva. Os principais lançamentos de grandes editoras, como Companhia das Letras, Record e 34, demoravam a chegar, ou nem chegavam. Para disfarçar, os funcionários colocavam todo o estoque à mostra, sobretudo best sellers, e passaram a encher as unidades da livraria de material de papelaria. Agora, com um cenário muito pior, e sem ter condições de honrar o pactuado na recuperação judicial, a direção da livraria fechou sete unidades — em São Paulo (quatro), Distrito Federal (uma), Minas Gerais (uma) e Rio Grande do Sul (uma). Mais 12 livrarias podem ser fechadas.

Livraria Saraiva: crise financeira | Foto: Divulgação

Num comunicado, o diretor de Negócios do grupo Saraiva, Deric Guilhen, disse que, devido aos prejuízos, não há como manter as lojas. “Hoje compartilhamos a difícil notícia de que será necessário reduzir nosso número de lojas. Esse é um momento extremamente difícil de enfrentar e sabemos que impactará muitos que nos ajudaram a chegar até aqui. Mas precisamos ser racionais e buscar equalizar os custos”, anota o executivo.

Outras lojas podem ser fechadas: quatro no Rio de Janeiro, uma Londrina (PR), duas em São Paulo, duas no Recife, uma em Porto Alegre, uma em Salvador e uma em Santo André (SP). A Saraiva está negociando custos, mas é praticamente impossível conseguir manter as unidades abertas. Recentemente, o grupo havia recorrido à Justiça para vender estantes e até mesas.

Sobre a Saraiva de Goiânia nada foi dito. Mas o aluguel da unidade é muito caro (neste momento, a direção shopping Flamboyant não estaria cobrando o aluguel, só o condomínio). Por sinal, outra grande rede já teria procurado a direção do shopping, antes da crise, para saber sobre a disponibilidade de espaço. Com a crise da pandemia, poucos negócios vão ser feitos.