O político mineiro Tancredo Neves — foi ministro da Justiça do governo do presidente Getúlio Vargas, na década de 1950, primeiro-ministro no regime parlamentarista, na década de 1960, e foi eleito presidente da República, no Colégio Eleitoral, em 1985 —, quando alguém dizia que um político era “forte” ou “fraco”, costumava dizer: “Olhe os números”. Noutras palavras, a raposa de Minas estava sugerindo que se examinasse, como critério das avaliações, os resultados das urnas.

Alexandr Baldy: presidente da Agehab | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Então, examinemos os números do prefeito de Anápolis, Roberto Naves, do pP. O gestor municipal é um azougue, uma força da natureza. É o que dizem seus números nas urnas.

Na eleição de 2016, quando disputou pela primeira a Prefeitura de Anápolis, Roberto Naves foi eleito no segundo turno, derrotando o então prefeito João Gomes, que era filiado ao PT.

Roberto Naves obteve 51,23% — o equivalente a 88.730 votos. João Gomes veio logo em seguida, com 48,77% — 84.475 votos.

Major Vitor Hugo pode ser o candidato da direita em Anápolis l Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Uma vitória apertada, dirão. Mas é preciso considerar três pontos. Primeiro, era a primeira disputa de Roberto Naves. Segundo, estava enfrentando o prefeito, com uma máquina poderosa nas mãos. Terceiro, João Gomes contava com um general eleitoral poderoso — o deputado estadual Antônio Gomide, do PT.

Quatro anos depois, Antônio Gomide, ícone da política local, apresentou-se como candidato a prefeito. Era tido como imbatível. Mas o Roberto Naves de 2020 não era o mesmo de 2016. Havia se agigantado, tornando-se um mestre da articulação política.

No segundo turno, numa vitória acachapante, Roberto Naves conquistou 61,28% (101.349 votos). Antônio Gomide ficou com 38,72%. O candidato do pP obteve 37.303 votos a mais do que o do PT.

Vencer Antônio Gomide, com uma frente tão ampla, provou que Roberto Naves havia se tornado o principal político da cidade. Tanto que, em 2022, ele foi decisivo na vitória de sua mulher, Vivian Naves, para deputada estadual. Ela foi mais votada que Antônio Gomide, que ficou em segundo lugar, considerando apenas a votação em Anápolis.

Em 2024, daqui a um ano e quatro meses, Roberto Naves não poderá disputar, por ter sido reeleito. Mas a eleição, dada sua importância política no município, passará, em larga medida, por suas mãos.

Roberto Naves pode apoiar o ex-ministro Alexandre Baldy, do pP, ou o ex-deputado federal Major Vitor Hugo, do PL, para prefeito. Qualquer um deles, contando com o apoio do prefeito, “nascerá” forte para a disputa, porque se tornará altamente competitivo.

A direita em Anápolis é representada por Roberto Naves, tanto que, na disputa de 2020, Jair Bolsonaro, então presidente da República, gravou vídeo pedindo votos para ele. (E.F.B.)