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Senador afirma que o ministro do STF “se acha acima do bem e do mal” e sugere que o governador de SP ganhou dinheiro vendendo entrevistas

Políticos costumam falar mal nos bastidores e elogiar publicamente. Quando falam mal, cobram “off”. Quando falam bem, exigem “on”. O senador Jorge Kajuru, do PSB, é oposto de todos: só fala em “on”. Não fala em “off”. Mais: jamais desmente o que disse e não tergiversa. Pode ser considerado radical, e até exagerado, mas o jornalista e político é assim. Entrevistado pelo repórter Eduardo Gonçalves, da revista “Veja”, volta a bater duro nos sparrings de sempre — como Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e, agora, João Doria, governador de São Paulo.

Defensor da CPI da Lava-Toga, que pretende investigar desvios do Poder Judiciário, Kajuru está sendo processado por Gilmar Mendes. “Para mim, é um atestado de idoneidade.” Ele vai pôr a representação num quadro e vai colocá-lo no seu gabinete. Os senadores vão votar o parecer da Comissão de Constituição e Justiça sobre a CPI da Lava-Toga. O senador acredita que vão pedir o arquivamento da CPI. “Os senadores vão ter de mostrar a cara, porque a votação é aberta. Eu achava que só Deus não podia ser investigado neste mundo. Mas o Gilmar Mendes também se acha acima do bem e do mal.” O Jornal Opção pergunta para um ateu: “Deus pode ser investigado?” Sua resposta: “Deus é uma ficção criada pelos homens. Uma ficção que se tornou história e, portanto, um ser de vida real, ainda que etérea. Portanto, pode ser investigado e, até, denunciado”.

João Doria, governador de São Paulo, é visto como a “escória da escória” pelo senador Jorge Kajuru | Foto: Divulgação

O senador Flávio Bolsonaro, ao ser visitado por Kajuru, que queria saber sua opinião sobre a CPI da Lava-Toga, perguntou: “Kajuru, você quer criar uma crise?” O líder do PSB acrescenta que “outro senador me disse que não apoia a CPI porque recebe Gilmar Mendes toda semana para jantar. Até me convidou, mas respondi: ‘Pássaros e porcos não se sentem à mesma mesa. Se eu visse Gilmar, sairia voando’”. Pode alguém ser processado por metáforas? É provável.

Inquirido se há provas que confirmem que Gilmar Mendes “vendeu” sentenças, Kajuru replica: “É preciso ter prova para falar mal de Paulo Maluf, de Sérgio Cabral? Gilmar Mendes é um anti-herói nacional. Se Nelson Rodrigues estivesse vivo, mudaria a sua frase monumental: ‘Toda unanimidade é burra, exceto o que se pensa no Brasil sobre Gilmar Mendes’”.

Gilmar Mendes, ministro do STF, pode ser o principal alvo da CPI da Lava-Toga| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Depois da fuzilaria para cima de Gilmar Mendes, Kajuru desvia o foco para João Doria. O governador de São Paulo “é a escória da escória”. O senador dispara a metralhadora, acompanhada de balaços de fuzil: “Trabalhei com ele na RedeTV!. Você acha que aqueles entrevistados dele eram gratuitos? Nada mais a falar. Doria é metido a intelectual, mas é vazio e inculto. É chumbrega — que não é o mesmo que brega: no dicionário ‘Michaelis’, significa desprezível. Mais um processo contra mim”.