João Doria sabe que quem “começa” traindo termina sem aliados?
07 setembro 2017 às 13h31

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Geraldo Alckmin bancou o prefeito contra todos e agora recebe a notícia de que o pupilo pode trocar o PSDB pelo DEM para ser candidato a presidente
Em 2016, parte da cúpula do PSDB — como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Serra — não aceitava a candidatura de João Doria Jr. a prefeito de São Paulo. A “cara” era de João Doria, marqueteiro nato, mas não era tucana. Trata-se de um outsider, de um político que joga para si, e não para o grupo, que, a rigor, não tem. Mesmo assim, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, com o objetivo de ampliar sua força no partido, para criar musculatura e disputar a Presidência da República em 2018, decidiu bancá-lo.
Em larga medida, João Doria foi eleito prefeito graças aos seus méritos, sobretudo por ter convencido o eleitorado de que era diferente dos políticos tradicionais — a rigor, foi “vendido” e “comprado” como se fosse um “não-político”, como um empresário que havia chegado para subverter a política. Na prefeitura, de fato, adotou métodos típicos da empresa privada, tornando, apesar da força tentacular da burocracia, o setor público mais eficiente e mais rápido no atendimento das demandas da sociedade. A saúde, por exemplo, melhorou, com mais facilidade para se conseguir fazer exames.
Mas ninguém é eleito para prefeito de uma cidade como São Paulo — que tem mais eleitores do que Goiás tem de habitantes — devido a apenas uma virtude, ainda que ela seja decisiva. João Doria conquistou o eleitorado, mas, nos grotões da cidade, a máquina do governo de Geraldo Alckmin funcionou de maneira eficaz.
Desde o início, João Doria sabia que Geraldo Alckmin o apoiara para prefeito, contrariando a cúpula tucana, única e exclusivamente para que, em 2018, se alinhasse como um de seus principais cabos eleitorais. Entretanto, como começou a aparecer bem nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República e a imprensa decidiu incensá-lo (como se fosse um novo Fernando Collor), o prefeito começou a contestar seu padrinho. Como o governador insiste que será candidato a presidente, apesar de mencionado em escândalos financeiros, João Doria já ameaça trocar o PSDB pelo DEM.
Porém, na política e na vida, quem começa “traindo” termina sem aliados.