História de não-ficção: a hora do “follow the money” na Assembleia Legislativa de Goiás
18 novembro 2022 às 13h54
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O norte-americano Truman Capote escreveu o mais popular romance de não-ficção — “A Sangue Frio”. Se estivesse vivo, e se fosse brasileiro, poderia publicar outro romance de não-ficção sobre um fato surpreendente e, digamos, quase kafkiano, quiçá com o título de “Follow the Money”. Goiás, no momento, assiste um fato inédito: há duas Assembleias Legislativas no Estado. Uma a serviço de Goiás, quer dizer, dos goianos. A outra a serviços de alguns produtores rurais (não são todos, diga-se).
As duas Assembleias estão funcionando na sede do Legislativo, não exatamente no plenário, e sim, de acordo com uma fonte, em alguns gabinetes. No bas-fond, onde a política mignon às vezes acontece, o dinheiro estaria correndo solto, ou melhor, quase solto. Quem é o operador do esquema? Afirma-se que é um deputado estadual dos mais requestados e um líder de uma associação (estaria por trás do financiamento dos atos antidemocráticos em nível nacional? Não se sabe). Não deve ser verdade, porque dinheiro não nasce na grama — por vezes, “nasce” na soja —, mas especula-se que ao menos um parlamentar teria recebido proposta de receber 1 milhão de reais para, renegando a posição anterior, votar contra o projeto que taxa o agronegócio em Goiás e cria um fundo para a recuperação e ampliação da infraestrutura.
Há gravações de conversas poucas católicas? Há quem especule que sim. Se existirem, é provável que apareçam, agora ou mais tarde.
O ideal, e não é fácil falar em ideal quando (muito dinheiro) dinheiro está envolvido, é que apenas uma Assembleia estivesse discutindo o projeto do governo — que foi aprovado em primeira votação por 22 votos contra 16.
O que se comenta é que a Assembleia “paralela” estaria em “cima” de alguns dos 22 deputados que votaram pela aprovação da taxa e do fundo para tentar virar o voto de alguns deles. Fala-se que planeja dobrar-se a oferta. Talvez seja o caso de o Ministério Público e a Polícia Civil — talvez com o apoio da Polícia Federal (dinheiro vivo em grandes quantidades é, no mínimo, uma coisa muito estranha) — iniciarem uma investigação a respeito da gastança e dos negócios pouco católicos que estariam ocorrendo nos bastidores da “Ale-Agro” e na Alego. O padre Vieira, que não é parece de Lissauer nem do Alemão (ou Polonês), certamente ficaria escandalizado com o que, aparentemente, está ocorrendo.
A história, pouco católica, um dia será contada… Por algum discípulo tardio de Truman Capote.