Seu grande adversário será Lissauer Vieira, que é bancado pelo prefeito Paulo do Vale. Leandro Vilela e Agenor Rezende também podem disputar pelo Sudoeste

O Sudoeste é uma das regiões mais prósperas de Goiás, com alta produção de grãos (como soja) e de carne (frangos e suínos). Há empresas de grande porte na região, como a BRF (Perdigão). Mas, nos últimos anos, carece de poder político. Entretanto, por entender que é preciso conectar o poder político, ampliando-o, com o poder econômico, que é um fato indiscutível, lideranças locais querem mais espaço nas discussões estaduais.

Lissauer Vieira é aposta do governismo
Paulo do Vale e Lissauer Vieira: aliados para 2022| Foto: Reprodução

Dos municípios da região, Rio Verde é tanto o mais rico quando o que tem mais eleitorado (quase 130 mil eleitores). No momento, não tem nenhum deputado federal, mas tem três estaduais — Chico do KGL, do partido Democratas, Lissauer Vieira, do PSB, e Karlos Cabral, do PDT.

Lissauer Vieira, por sinal, é o presidente da Assembleia Legislativa de Goiás e está se revelando um dos hábeis articuladores da política de Goiás. Em 2022, vai disputar mandato de deputado federal, e inclusive deve trocar de partido. Sua preferência é pelo PSD do ex-deputado federal Vilmar Rocha e do senador Vanderlan Cardoso. Mas é cotado para se filiar ao Democratas, o partido do governador Ronaldo Caiado. A ressalta é que o parlamentar também é lembrado para ser vice do governador, no próximo pleito, e isso trava uma filiação ao DEM. O Democratas só terá um integrante na chapa majoritária — exatamente Ronaldo Caiado.

Heuler Cruvinel é a aposta emedebista
Heuler Cruvinel, para deputado federal, e Marussa Boldrin, para deputada estadual | Foto: Divulgação do MDB

O ex-deputado Heuler Cruvinel vai se filiar ao MDB (está de saída do Progressistas), este mês, para disputar mandato de deputado federal. O presidente do partido, Daniel Vilela, irá a Rio Verde para endossar a filiação. A rigor, a ficha já está assinada. Só falta a divulgação pública, quer dizer, o ato de filiação.

Heuler Cruvinel foi deputado federal por dois mandatos e é um político experimentado. Sabendo que, nas campanhas, a cidade de Rio Verde é invadida por uma “legião estrangeira” à procura de votos, terá de buscá-los também noutros municípios (o mesmo terá de fazer Lissauer Vieira).

O presidente do MDB em Rio Verde, Manuel Cearense, afirma que Heuler Cruvinel é um político “consistente e experiente”. “Anote e me cobre depois: Heuler Cruvinel terá mais votos em Rio Verde do que Lissauer Vieira”, assinala. O líder partidário informa que, para deputada estadual, o MDB vai bancar a vereadora Marussa Boldrin. “A dobradinha Heuler Cruvinel e Marussa Boldrin vai fazer história em Rio Verde.”

Adversários de Lissauer Vieira sugerem que o deputado vai enfrentar um problema. “O prefeito de Rio Verde, Paulo do Vale, é uma espécie de aliado ‘mais ou menos’ de Lissauer. Vai apoiá-lo, atendendo pedido do governador Ronaldo Caiado, mas não será um apoio entusiasmado. Na disputa para prefeito, em 2020, Lissauer bancou a candidatura de Paulo, mas também sem nenhum entusiasmo. Eles são aliados, ma non tropo”, postula um político local.

O fato é que tanto Lissauer Vieira quanto Heuler Cruvinel são candidatos fortes, com ampla possibilidade de saírem vitoriosos.

Leandro e Agenor: de Jataí e Mineiros
Leandro Vilela: aposta do MDB de Jataí para deputado federal| Foto: Reprodução

O MDB também pode bancar dois outros nomes do Sudoeste: Leandro Vilela, de Jataí, e Agenor Rezende, de Mineiros.

Leandro Vilela foi deputado federal mas, alegando pressão de sua mulher — que não o queria na política —, desistiu de disputar novos mandatos. Agora, supostamente pressionado por Daniel Vilela, pode disputar mandato à Câmara dos Deputados. Quem conversa com ele afirma que não percebe o mínimo entusiasmo com disputa eleitoral. Mas o vilelismo, que pretende lançar Daniel Vilela para um cargo majoritário — governador, senador ou vice-governador —, quer e precisa de um candidato forte a deputado federal. Está em jogo a sua hegemonia no comando do partido.

Agenor Rezende: possível aposta do MDB de Mineiros para deputado federal | Foto: Reprodução

Agenor Rezende foi prefeito de Mineiros, por dois mandatos seguidos, e conseguiu fazer o sucessor, com facilidade. Aliados afirmam que, dada sua idade, não tem muito ânimo para novas disputas eleitorais. Mas, se convocado por Daniel Vilela, com quem mantém bom relacionamento, pode disputar mandato de deputado estadual ou federal.

Sem coligações partidárias, os partidos precisam lançar chapas consistentes, senão correm o risco de não eleger nenhum deputado. Em 2018, mesmo tendo um candidato a governador, Daniel Vilela, o MDB não elegeu nenhum deputado federal. Para 2022, o partido planeja eleger pelo menos dois políticos para a Câmara dos Deputados — Leandro Vilela (ou outro) e Heuler Cruvinel. Há também a possibilidade de o deputado federal Professor Alcides Ribeiro, representante de Aparecida de Goiânia, disputar a reeleição pelo MDB. Candidato com ampla estrutura, e trabalho prestado a vários prefeitos do interior, a tendência é que Professor Alcides seja reeleito.

Para eleger três deputados federais, dependendo dos votos válidos, o MDB precisará obter cerca de 450 mil votos. Difícil, muito difícil, mas não impossível. Pois Heuler Cruvinel, Leandro Vilela e Professor Alcides tendem a obter, juntos, pelo menos 300 mil votos. Aí tem de entrar a máquina do partido, com uns cinco ou seis candidatos, para arranjar mais 150 mil votos.

O líder Manuel Cearense é enfático: “Heuler Cruvinel, filiado ao MDB, terá uma votação gigante. Quem viver, se quiser, verá”.