“Hegemonia” de Rubens Otoni como petista goiano no Congresso estaria ameaçada?
21 agosto 2022 às 00h05
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Rubens Otoni pode não ser o mais popular entre os políticos dos quadros do PT, mas é o certamente o goiano mais bem-sucedido da sigla. Eleito para a Câmara dos Deputados pela primeira vez em 2002, ele entra agora na disputa pelo sexto mandato consecutivo na Casa.
Mais do que isso, desde 2006 Otoni sempre foi o mais votado do partido ou da coligação que ele integrou – em 2010, foi o segundo mais votado no Estado, com 171.382, seu recorde, só perdendo para Dona Iris (PMDB), que teve 14 mil votos a mais.
Com o desgaste do partido principalmente a partir das duas últimas eleições presidenciais – 2014 e 2018 –, a votação do PT para as casas legislativas em Goiás esteve em baixa. Na última, há quatro anos, o partido elegeu apenas dois deputados estaduais (Adriana Accorsi e Antônio Gomide, ex-prefeito de Anápolis e irmão de Otoni), além do longevo deputado federal, que, no entanto, viu sua votação cair.
Com a perspectiva de volta ao poder do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – favorito em todas as pesquisas e com chance de levar a eleição ainda no primeiro turno –, o PT passa a obter mais força no Estado, especialmente no interior, onde, conforme a própria presidente da sigla, Kátia Maria, já afirmou, há prefeitos que já se declararam “Lula desde criancinha”, mesmo sendo estando apoiando, ao governo estadual, outros candidatos.
O cenário favorável animou outros nomes fortes a partir para a disputa de uma vaga pelo partido na Câmara. Nesse sentido, os grandes concorrentes de Otoni no PT são a delegada Adriana Accorsi, hoje deputada estadual, e o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Edward Madureira.
Adriana tem um eleitorado fiel na região metropolitana de Goiânia e foi a candidata a prefeita da capital pelo PT nos dois últimos pleitos municipais. Sem a concorrência do deputado Delegado Waldir (UB) – que também atua na mesma região, mas vai disputar o Senado –, seu potencial de votação cresce bastante.
Já Edward foi o suplente de Otoni nas eleições de 2014, a única em que concorreu, e conta com o legado positivo de três mandatos bem-sucedidos à frente da maior instituição de ensino superior do Estado. A rede de apoiadores vai muito além dos polos universitários, se estendendo às famílias de alunos e ex-alunos.
Somando esses fatores à votação decrescente – mas mesmo assim respeitável – de Rubens Otoni nos últimos pleitos, há poucas dúvidas de ocorrer uma disputa acirradíssima pela Câmara dentro do partido.
Mas pode não ser tão difícil assim. A estrutura conservadora de Goiás nunca foi o melhor dos mundos para o PT eleger parlamentares, mas a avaliação é de que Lula tem potencial para puxar para cima a votação dos candidatos petistas que o dariam suporte no Congresso, o que abriria a possibilidade de, como ocorria até 2010, o PT eleger mais de um deputado federal. A conferir.