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Opositores de Caiado tiveram seus 45 segundos de êxtase após pesquisa Serpes mostrar que Marconi Perillo tem agora menos que na derrota de 2018.

Nilson Gomes

Até o início dos anos 2000, Ronaldo Caiado era rarefeito a andar com assessor do lado. Integrante do altíssimo clero do Congresso Nacional, por onde circulava uma multidão de repórteres o seguia. A Comissão e frente parlamentar que quisessem dar quórum bastaria convencer Caiado a integrá-las. O sucesso cresceu tanto, principalmente após a ascensão do PT ao Planalto e natural oposição de Caiado, que cedeu e nomeou o jornalista Edmar Oliveira. Seu sucessor no cargo foi Tony Carlo. Pronto. Chega. Acabou a lista. Em quase quatro décadas de vida pública, Caiado teve dois auxiliares diretos na área. Nem precisou de mais.

Gean Carvalho: secretário de Comunicação do governo de Goiás | Foto: Reprodução

Quem desconhece a história recente da política goiana pode ter achado, em seu cérebro de pequi roído, que derrubaria Tony da Secretaria Estadual de Comunicação. Perderam, mexeriqueiros: Tony caiu pra cima e a comunicação do governo igualmente triunfou.

Opositores de Caiado tiveram seus 45 segundos de êxtase após pesquisa Serpes mostrar que Marconi Perillo tem agora menos que na derrota de 2018.

Na surra memorável e merecida para senador na eleição passada, ficou com 7,55%. Como eram duas vagas, significaria hoje 15%, pois será apenas um voto pro Senado. Na semana passada, entrou em júbilo, coração disparou por chegar a 13% para governador e 16% para senador.

Portanto, Marconi passou três anos patinando sob o gelo fino da insignificância, que agora se derrete a seus pés — e meia dúzia de áulicos sedentos por novas oportunidades, porém boa notícia é outra coisa. Eis a diferença: Caiado tem assessor do nível de Tony justamente para seus adversários afundarem sorrindo, num balé macabro que termina em afogamento.

Tony Carlo: secretário de Comunicação da Prefeitura de Goiânia | Foto: Facebook

Marconistas permanecem tão obcecados pela volta ao cofre que não percebem que estão cumprindo papéis escritos para cada qual por Ronaldo Caiado. Vivem um drama se julgando protagonistas de comédia, mas o público não ri deles nem para eles, mas de sua ausência de futuro.

Veja-se o caso do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz. Teve a mesma visão de Caiado: levar para Comunicação quem entende de.

Ficou um jogo de ganha-ganha: a Capital é vencedora porque a equipe agora tem Tony Carlo e o Estado também não perdeu, pois Caiado convenceu Gean Carvalho a abandonar seus negócios e passar a perder dinheiro em cargo no governo.

Quem perdeu foi a oposição. Primeiro, tem de ler com zói zarôi que a gestão Caiado está com aprovação superior a 80% e o governador, favoritaço a se reeleger no primeiro turno.

A mesma alegria amarela dos marconistas contaminou a cara dos arredores do prefeito itinerante Gustavo Mendanha. Se Marconi acha que a pesquisa o ressuscitou, com ela Mendanha virou suco. Aliás, os marconistas passaram a achar que Mendanha atrapalha candidatura das oposições.

Tese dos marconistas: combatem a administração Caiado por questões ideológicas e políticas, enquanto Mendanha está apenas com birra porque o impediram de tomar o Danoninho com colherzinha e ele teve de lamber o potinho.

Não há motivos para Mendanha combater Caiado, exatamente o que sobra para Marconi. Para Mendanha, Caiado é o cara que levou seu amigo para vice e o deixou com o pirulito açucarando; para Marconi, Caiado é um político a ser enfrentado.

Enquanto a oposição derrete, Caiado se fortalece: tem na Prefeitura de Goiânia um aliado que até levou para o topo seu auxiliar mais umbilical e reforçou o elenco com um profissional que entende de publicidade, pesquisa e política. Ninguém entende mais de Marconi, Mendanha, Iris Rezende e Maguito Vilela que Gean Carvalho. Atuou com eles no cérebro (levantamentos populares) e no coração (propaganda institucional) dos respectivos mandatos. O que Caiado acaba de receber é um Hamilton Carneiro do século XXI, que sabe fazer e interpretar pesquisas, conhece da política miúda às articulações de cúpula.

Portanto, não há o que a oposição comemorar. Ela está vivendo um ciclo traçado pessoalmente por Ronaldo Caiado — ele só não sabia que o desempenho de Marconi seria tão fraco e que o nome do contra pra governador fosse mais de um bebê chorão que de algum com vocação para estadista.

É o resumo de um período quente. A oposição vomitando nomes e Caiado encaminhando soluções para Saúde e infraestrutura. Marconi vibrando por representar alguém esmagado nas urnas de 2018 e ainda aos cacos. E a população satisfeita com o Hospital do Centro-Norte Goiano e o Hospital da Criança e do Adolescente, além de outras obras largadas inconclusas, como o hospital de Águas Lindas, e já em funcionamento.

É o asfalto que presta, substituto dos 7 mil quilômetros de farinha.

São os 18 programas sociais em ação.

É a Educação número 1 no Ideb.

É a regionalização na saúde e na atração de investimentos.

É tanta coisa que só mesmo o Tony e o Gean pra darem conta de divulgar. Tony conseguiu. É a vez de Gean.

Nilson Gomes, advogado e jornalista, é colaborador do Jornal Opção.