Goiânia completa 90 anos em outubro e, obviamente, se tornará uma jovem centenária em 2033. Desde sua fundação, nunca foi administrada por uma mulher. Nada anormal, grande parte das capitais – incluindo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, por exemplo – também não tiveram uma gestora.

Ter uma lista sem fim de homens passando o poder um para o outro (e muitas vezes, o outro de volta para o um) era algo mais do que “normal” até os anos 80: era a regra, com raríssimas exceções.

A presença da mulher na política brasileira se intensifica com o fim da ditadura militar, a partir da redemocratização. A primeira prefeita de uma capital foi Maria Luiza Fontenele, eleita para dirigir Fortaleza pelo PT. Mas, ainda em 2021, mulheres foram eleitas para 658 prefeituras, apenas 11,8% do total de municípios brasileiros.

O mesmo vale para os demais cargos. Para ter ideia, na história do Congresso Nacional até 1980, apenas 19 deputadas federais e uma senadora – Eunice Michiles, em 1978, pelo Amazonas – haviam sido eleitas. No mesmo período, houve cerca de 4,5 mil deputados e 637 senadores.

Hoje a situação é menos escandalosa, mas ainda muito insatisfatória. Tão insatisfatória que só há duas mulheres no comando de capitais: Adriane Lopes (Patriota), vice-prefeita de Campo Grande, que assumiu após renúncia do titular Nelson Trad, e Cinthia Ribeiro (PSDB), em Palmas, que era vice de Carlos Amastha e, também por motivo de renúncia (ambos arriscaram disputar o governo estadual) assumiu em 2018 e foi reeleita em 2020.

Pela primeira vez na história da capital goiana, porém, há mais mulheres do que homens entre os maiores favoritos na disputa.

Para 2024, a deputada federal Adriana Accorsi, candidata a prefeita em 2016 e 2020, tem a primazia, ainda mais com a respeitabilíssima votação em Goiânia – embora venha dando sinais de que preferirá continuar no Congresso.

No MDB, o nome que faz os olhos dos correligionários brilharem é o de Ana Paula Rezende, que traz consigo, além da própria capacidade, a memória afetiva do pai, Iris Rezende, quatro vezes eleito prefeito pela população goianiense.

No partido do governador Ronaldo Caiado, o União Brasil, o trunfo é a campeã de votos para a Câmara dos Deputados, a apresentadora Silvye Alves. De grande apelo popular, ela pode surpreender também em uma eleição para o Executivo.

Correm por fora, ainda, entre outros nomes, o da combativa vereadora Aava Santiago, presidente metropolitana do PSDB, e o da ex-vereadora Cristina Lopes, que estava na administração municipal até um ano atrás como secretaria de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas.

Enfim, Goiânia tem uma “chance” grande entrar na turma da maioria das capitais em 2024 e não chegar a seu centenário sem ter tido uma mulher na galeria no saguão do Paço Municipal.