O deputado federal Francisco Júnior, político gabaritado, obteve 111.788 votos (3,69%) na eleição de 2018 — há quatro anos. Foi o quarto mais votado.

Em 2022, quatro anos depois, sua votação caiu para 48.529 votos (1,41%). Ou seja, o parlamentar perdeu 63.259 votos.

O que realmente aconteceu? Francisco Júnior foi um mau deputado, se envolveu em escândalo? Nada disso. É um deputado sério e capaz.

A explicação mais frequente para uma derrota tão acachapante é: a jornalista Silvye Alves, do União Brasil, e Gustavo Gayer, do PL, “tomaram” seus votos em Goiânia.

Sim, é um fato: Silvye Alves e Gustavo Gayer, comunicadores de primeira linha, “tomaram” votos de muita gente (inclusive de Zacharias Calil), e não apenas de Francisco Júnior.

Porém, há um “subtexto”, digamos, mais relevante. Francisco Júnior é um político conservador, de direita. Alinha-se, no e fora do Congresso, com as pautas conservadoras a respeito de costumes, por exemplo. Então, na eleição deste ano, “tomaram-lhe” a pauta e, sobretudo, os votos.

A explicação talvez seja a seguinte: o Brasil está radicalizado e, embora Francisco Júnior seja de direita, tem uma fala (discurso) moderado, tranquilo — o que não empolga eleitores radicalizados, que preferem políticos mais contundentes, como Gustavo Gayer.

Pode-se dizer, portanto, que Francisco Júnior foi derrotado por companheiros de jornada, quer dizer, por outros políticos de direita, que, mais radicalizados e barulhentos, chamaram mais a atenção dos eleitores.

Goiás perde, porém, um bom deputado. É isto.