Há quem aposte que o ministro Tarcísio de Freitas pode compor a chapa como candidato a vice. Bolsonaro está articulando em Brasília

Flávia Arruda e o marido, ex-governador José Roberto Arruda: projeto agora é mais alto — o governo do Distrito Federal |Foto: Reprodução

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, esteve com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e teria sugerido que incentivasse a ministra Damares Alves a disputar mandato de governadora do Distrito Federal. Pelo PTB.

Bolsonaro ouviu atentamente o pedido, mas, ao final da conversa, explicou que vai esperar um pouco mais e que Damares Alves deve se filiar ao partido do qual ele também vai participar. E não deve ser o PTB. Pois o presidente aceita Roberto Jefferson como “aliado”, mas não quer ficar associado, ao menos de maneira direta, a um político que, como Lula da Silva (PT), já foi “presidiário”. Damares Alves é aliada de Bolsonaro, mas, como não é uma política profissional, seguirá o caminho indicado por seu mentor.

Damares Alves e Jair Bolsonaro: a ministra pode disputar o governo ou mandato de senadora | Foto: Reprodução

Na verdade, Bolsonaro tem outro projeto para Damares Alves.

Nomeada para o cargo de ministra da Secretaria do Governo, a deputada federal Flávia Arruda, do PL, está cada vez mais próxima de Bolsonaro. Os dois trabalham juntos no Palácio do Planalto — com portas “abertas” um para o outro. A parlamentar licenciada é o instrumento do centrão (leia-se Valdemar Costa Neto, Arthur Lira e Ciro Nogueira) no estabelecimento de relações diretas com o presidente. É a “intermediária”.

Segundo aliados do presidente, há pesquisas apontando que os eleitores querem retirar Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federal, porque, apesar do barulho que faz, trabalha pouco pelo desenvolvimento da capital. “Ibaneis tem um orçamento gigante — e não custeia nem educação, nem saúde, nem segurança pública; as três áreas são bancadas pelo governo federal — e, ainda assim, não tem nada de substancial para mostrar aos brasilienses. Além de não ser gestor, articula mal politicamente”, afirma um aliado de Bolsonaro. “É o tipo de político que não se reelege, até por não ser agregador.”

Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro: aliados políticos | Foto: Evaristo/AFP

Ao perceber que há uma nova oportunidade política no ar, Bolsonaro pode bancar Flávia Arruda para governadora do DF. Ela era cotada para disputar a vice de Ibaneis Rocha ou mandato de senadora. Agora, como ministra, acabou por ficar “maior” do que Ibaneis Rocha e não tem mais como ser sua vice.

Uma chapa com Flávia Arruda para governadora, Damares Alves para senadora e talvez o ministro Tarcísio de Freitas na vice é considerada forte e um fato novo na política local. Fala-se que o marido de Flávia Arruda, o poderoso chefão José Roberto Arruda, pode atrapalhá-la. Ocorre que pesquisas avaliam que, apesar de ter sido afastado do governo por corrupção — chegou a ser preso —, o líder do PL é bem avaliado como “gestor”. Com a morte de Joaquim Roriz, e mesmo fora do poder e sem mandato, Arruda se tornou o político mais influente de Brasília.

Leila do Vôlei pode obter o apoio do PT | Foto: Reprodução

A tendência é que Brasília tenha quatro candidatos a governador competitivos: Flávia Arruda, do PL, Ibaneis Rocha, do MDB, Leila do Vôlei, do PSB, e Izalci Lucas, do PSDB.

O PT costuma lançar candidato a governador, mas ainda não definiu seu nome. O partido perdeu força na cidade e, dependendo do apoio do PSB a uma candidatura de Lula da Silva para presidente da República, pode apoiar Leila do Vôlei. O petista-chefe já disse que o partido deve sacrificar alianças regionais em prol da disputa maior — a da Presidência da República.