Ele era secretário da Educação da Prefeitura de Corumbá de Goiás e um defensor do patrimônio histórico

Marcos Carvalho

Na última sexta-feira um guerreiro travava sua última batalha. O professor Cleytton José da Silva (secretário de Educação do município de Corumbá de Goiás) falecia numa UTI em Goiânia. Foi um período curto entre a descoberta da doença e sua passagem.

Em 2016 fui convidado pela Secretaria de Corumbá de Goiás para ministrar uma formação para professores na semana de planejamento. Cleytton era o gestor daquela pasta, e me impressionou pela capacidade de articulação e liderança junto aos docentes. Desde então mantivemos contato, trocávamos informações, dicas de materiais, eu sugeria ações para a rede, seu desejo era cursar mestrado, e estávamos juntos montando um projeto.

Nos tornamos amigos com direito a encontros mensais para almoçar, analisar projetos e debater cenários. Era sempre engraçado, bem-humorado. Para provocá-lo, eu dizia que seria prefeito, ele respondia que era um técnico em defesa da educação. Também era um defensor do patrimônio histórico de Corumbá de Goiás, das tradições, cavalhadas, gastronomia e da conservação dos prédios. Talvez esse olhar sensível tenha o aproximado de Salma Saddi, nossa amiga, e superintendente do Iphan no Estado de Goiás.

Cleytton, licenciado em Geografia pela UniEvangélica, foi aluno de grandes mestres, como Itami Campos, Mirza Toschi e Giovana Tavares, era também professor da rede estadual de ensino, atuando na bela Pirenópolis. Católico praticante, costumava ir à missa todas as manhãs antes do trabalho. Participou inclusive de uma Jornada Mundial da Juventude.

Quando soube de seu estado de saúde, passei a acompanhar, me colocando disposto a qualquer ajuda ou acompanhamento. Mas algumas questões de saúde afastam até os amigos, pelos riscos de contaminação e queda da imunidade, então eu e Salma o acompanhávamos pelo Facebook, todas as noites ela enviava um mensagem e eu comentava. Era nossa forma de estar presente.

Na quarta-feira pela noite a historiadora me chamou, avisando que Cleytton não estava mais respondendo as postagens. Entrei em contato com professores do município e fui informado da gravidade da questão. Após o transplante, adquiriu uma infecção e foi preciso ser instalado em uma unidade de terapia intensiva.

Na última sexta o professor não resistiu. Terminava sua batalha. A comoção tomou conta do município e das redes sociais. O sepultamento no sábado teve honrarias, apresentação da banda de música, muitas flores, comoção e lembranças do que foi vivido. Cleytton deu sua contribuição para a educação goiana e também mostrou ser um ser humano iluminado, cheio de amigos, afeto e emoção.