Adib Elias, Paulo do Vale, Roberto Naves, Vanderlan Cardoso e Renato de Castro rejeitam acordão com o líder do emedebismo em Goiás

Adib Elias: o prefeito de Catalão opera resistência a Daniel Vilela | Foto: Reprodução

Na semana passada, um repórter do Jornal Opção conversou, em “off”, com três políticos da base do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas. O objetivo do diálogo é entender se é real a possibilidade de o gestor estadual ter como vice Daniel Vilela (ou Gustavo Mendanha) para a disputa da reeleição, em 2022.

Todos disseram a mesma coisa: o vice de Ronaldo Caiado “não” será nem Daniel Vilela nem Gustavo Mendanha. Eles apostam que o vice será Lincoln Tejota, atual vice-governador, ou o presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, do PSB (mas a caminho do PSD, se este ficar na base do governador).

Renato de Castro: o ex-prefeito de Goianésia não aprova aliança com Daniel Vilela | Foto: Jornal Opção

“O vice do governador Ronaldo Caiado tem de ser escolhido a ‘dedo’. Porque, se Ronaldo for reeleito em 2022, seu vice assumirá o governo em 2026 e, por isso, tende a ser candidato à reeleição. Portanto, precisa ser um político confiável. Não se pode pôr, digamos, um vice da oposição. Assumindo o governo, ele terá, inclusive, que bancar a candidatura de Ronaldo Caiado para senador, em 2026”, afirma um ex-deputado estadual.

Entre os políticos que supostamente não apoiam uma composição entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela estão, em ordem alfabética: Adib Elias (prefeito de Catalão, do Podemos), Ernesto Roller (secretário de Governo), José Nelto (deputado federal, do Podemos), Lívio Luciano (auxiliar do governador Ronaldo Caiado, do Democratas), Paulo do Vale (prefeito de Rio Verde, do Democratas), Renato de Castro (presidente da Codego e ex-prefeito de Goianésia, a caminho do Democratas), Roberto Naves (prefeito de Anápolis, do PP) e Vanderlan Cardoso (senador, do PSD). Trata-se de um verdadeiro exército e não de gatos-pingados. Eles podem até não romper com Ronaldo Caiado, mas querem, sobretudo, ser ouvidos. Querem ter poder de “veto”. Adib Elias, Paulo do Vale e José Nelto foram expurgados do MDB por Daniel Vilela.

Paulo do Vale, prefeito de Rio Verde | Foto: Divulgação

José Nelto chegou a ensaiar apoio a uma aliança entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, mas, depois de levar um chega-pra-lá de Adib Elias, recuou.

“Por que Vanderlan Cardoso vai apoiar um postulante do MDB — Daniel ou Gustavo — se pretende disputar o governo em 2026? Ele vai ajudar a fortalecer seu possível adversário? Claro que não”, afirma um governista da linha de frente da campanha de 2018.

“Renato de Castro quis ser candidato a prefeito de Goianésia pelo MDB, mas foi barrado, pessoalmente, por Daniel Vilela. Por que, depois disso, vai bancá-lo para vice de Ronaldo Caiado? Como se sabe, o ex-prefeito não é masoquista”, afirma um ex-aliado de Daniel Vilela.

“Depois de expurgar Paulo do Vale do MDB, Daniel Vilela ainda foi em Rio Verde e lançou um candidato a prefeito para tentar derrotá-lo, em 2020. Por que o prefeito vai ajudar seu ‘inimigo’?”, diz um deputado federal.

Vanderlan Cardoso, senador: seu projeto político para 2026 colide com o do MDB de Daniel Vilela | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

“Roberto Naves também é cotado para ser vice de Ronaldo Caiado e, portanto, tem pretensões políticas para 2026. Se apoiar Daniel Vilela, estará cometendo suicídio político”, afirma um governista-caiadista. “E ele é um partido pragmático.”

Lissauer Vieira não tem se manifestado contra uma aliança entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, mas, por motivos óbvios, também não é favorável. Assim como Lincoln Tejota não está entre os entusiastas de um acordo entre o democrata e o emedebista. Lincoln planeja continuar na vice em 2022 e está articulando em vários fronts. O governador Ronaldo Caiado gosta do jovem político, que, como vice, não cria casos e é leal.

Lissauer Vieira: o deputado quer ser vice | Foto: Divulgação

A incógnita é o ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende. Emedebistas históricos sustentam que o governador Ronaldo Caiado gostaria que Iris Rezende disputasse mandato de senador — seria a consagração de uma história positiva. Entretanto, apesar do nome forte, o decano da política de Goiás não tem o apoio de nenhum prefeito e não comanda nenhum diretório do MDB. Portanto, embora seja ouvido, como conselheiro experiente que é, não tem voz ativa no comando partidário. Portanto, se o MDB indicar alguém para a chapa majoritária, na próxima disputa, será Daniel Vilela ou Gustavo Mendanha — os dois políticos que, hoje, têm voz ativa no partido.

Lincoln Tejota: cotado para permanecer na vice | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Mas Iris Rezende “trabalha” contra uma aliança entre Ronaldo Caiado e Daniel Vilela? “Por mais educado que seja, tratando todo mundo bem, é fato que Iris não tem nenhum entusiasmo por Daniel Vilela e tem menor resistência a Gustavo Mendanha. De fato, embora não diga isto publicamente, sugerindo que se aposentou de vez, o ex-prefeito gostaria de ser senador, e com o apoio de quase todo mundo. Depois de anos convivendo com Iris, posso dizer que ele quer duas coisas. Primeiro, contribuir para manter Ronaldo Caiado no governo do Estado. Sei que fará o possível para que o governador seja reeleito. Segundo, ele torce para que Marconi Perillo e seu grupo não voltem a comandar Goiás. Ante as duas questões, o fato de Daniel Vilela participar ou não da chapa majoritária tem menos importância.”

Postas as questões, o grupo — ou melhor, grupos — romperia com Ronaldo Caiado no caso de uma aliança com o MDB? Possivelmente, não. Porque o grupo — exceto talvez Vanderlan Cardoso, que é senador e tem mandato até 2026 — depende, politicamente, do governador para sobreviver. Mas o fato está exporto: seus integrantes, unidos ou separadamente, não querem nenhuma aliança com o MDB de Daniel Vilela.