Os eleitores brasileiros operam com uma lógica especial e complexa: o presidente Lula da Silva é, sem dúvida, de esquerda. Mas parece ser visto por grande parte dos eleitores como um político de centro, talvez por ser moderado. Seu governo é uma frente que contempla políticos de esquerda (PT, PSB, PDT), de centro (PSD) e de direita (três ministérios são ocupados por membros do União Brasil, partido de direita). O vice-presidente Geraldo Alckmin, comumente apontado como de centro, é, na verdade, um integrante da direita católica.

Se Lula da Silva é moderado, se seu governo é compartilhado com o centro e a direita, se comparecer à campanha de um aliado, como Adriana Accorsi e Antônio  do PT, o petista ajudará ou prejudicará? O mais provável é que ajude. Porque, como presidente, sobretudo sendo Lula da Silva, um ícone político brasileiro, acima das ideologias, tem força nacional. Aos eleitores passará a imagem de que o candidato será amparado tanto por Lula da Silva quanto por seu governo.

Antônio Gomide: candidato do PT em Anápolis | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Entretanto, se Lula da Silva pode ajudar — frise-se que usa-se uma palavra no condicional (“pode”) —, o que dizer do PT?

Lula da Silva está acima do PT. Ou seja, é maior do que o partido. Tanto que, sem o presidente, seria, digamos, um Psol mais encorpado. Já o PT, partido de esquerda — que é malvista no país, sobretudo pelo combate feroz feito pela direita —, por seu imenso desgaste, prejudica seus próprios candidatos, como Adriana Accorsi, em Goiânia, e o deputado estadual Antônio Gomide, em Anápolis.

Nas campanhas, Adriana Accorsi e Antônio Gomide se esforçaram para reduzir a ligação com o PT. Mas, como não são Lula da Silva — repita-se: é visto como acima do PT, como maior do que o partido —, não conseguem dissociar-se da legenda red.

Então, Adriana Accorsi e Antônio Gomide são prejudicados mais pelo PT do que por Lula da Silva. (E.F.B.)