Entenda por que disputa para senador está inteiramente aberta
14 agosto 2022 às 00h02
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Há eleições “fechadas” e eleições “abertas”. O governador Ronaldo Caiado, do União Brasil, integra, possivelmente, o grupo dos que vão disputar eleições fechadas, pois tende a ser reeleito no primeiro turno, de acordo com as pesquisas de intenção de voto. Trata-se de um peso-pesado disputando com pesos-pena. Porém, para senador, se dá o contrário: o quadro está inteiramente aberto.
Segundo as pesquisas de intenção de voto, o ex-governador Marconi Perillo, do PSDB, é o favorito.
Por que o favoritismo de Perillo? Talvez porque seja o mais conhecido. Talvez porque os demais candidatos demoraram a se apresentar como postulantes efetivos. Talvez porque os eleitores estejam avaliando que, se não era possível apoiá-lo para o governo, podem bancá-lo para senador.
O fato é que, com a campanha, com a apresentação dos candidatos e com as críticas, possivelmente contundentes, o quadro pode mudar, daí se dizer que a eleição para senador está aberta. Quiçá abertíssima. Por isso não se deve ficar surpreso se o líder de hoje terminar o pleito em terceiro lugar. Uma coisa é certa: Perillo, por ser o primeiro colocado nas pesquisas, será aquele que “apanhará” mais dos adversários. Será um alvo “grande” e “fixo” para “arqueiros” e “atiradores” de elite.
O deputado federal Delegado Waldir Soares, do União Brasil, tem forte apelo popular e pertence ao mesmo partido de Ronaldo Caiado, o que pode gerar a uma eleição “casada”. Mas terá fôlego para chegar forte até a reta final? Não se sabe. Ele e Perillo são, certamente, os postulantes mais conhecidos — daí, quem sabe, aparecerem em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto. Não se deve esquecer que, em duas eleições, a de 2014 e 2018, o policial civil licenciado foi mais votado para deputado federal. Se partir para um confronto direto com o tucano, e dependendo dos humores dos eleitores, pode abrindo espaço para postulantes mais propositivos.
O deputado federal João Campos, do Republicanos, parece o candidato adequado para eleição tipo céu de brigadeiro. Porque é avesso ao debate candente e crítico. O que, numa eleição muito disputada, pode prejudicá-lo. Se não forçar a barra, se não se apresentar com mais firmeza, tende a não ser observado pelos eleitores. Campos é um político mais atuante do que sua imagem pública registra. Note-se que é eleito com facilidade. Em 2010, obteve 135.968 votos e ficou em sétimo lugar. Em 2014, com 107.344 votos, foi o nono colocado. Em 2018, com 106.014 votos, foi o quinto mais votado. Sua aliança com o candidato a governador do Patriota, Gustavo Mendanha, pode “puxá-lo” para baixo. Parece que isto já acontecendo.
O postulante do pP, Alexandre Baldy, é um político dos mais articulados e hábeis. Além da estrutura que será capaz de montar, o ex-ministro sabe como articular uma base político-eleitoral ativa e eficiente (e tem apoios para além do partido Progressistas). É moderado, e se movimenta mais nos bastidores e é propositivo. Mas, para tentar ganhar a eleição, certamente partirá para o enfrentamento com seus principais adversários. Ele conta com aliados importantes, como o prefeito de Anápolis (terceira maior cidade em número de eleitores em Goiás), Roberto Naves. Pode surpreender, virar o jogo e ser eleito. Dada sua ligação com o ministro Ciro Nogueira e com o presidente da Câmara dos Deputados, tem prestígio nacional. Ele tem perfil de senador, inclusive na moderação e articulação.
Vilmar Rocha (PSD) ficou tantos anos na Câmara dos Deputados que, brincam, até as cadeiras o “conheciam” e o tratavam por “sir”. Informalmente, é chamado de “senador”. Porque tem o perfil adequado para o cargo. O que lhe falta? Estrutura financeira (apesar de controlar a máquina do partido em Goiás) e política, afinal o PSD é relativamente pequeno em Goiás, apesar de ter um senador, Vanderlan Cardoso, e um deputado federal, Francisco Júnior. O ex-parlamentar tende a atrapalhar Perillo e ser atrapalhado pelo tucano. Um dos principais aliados de Rocha, o empresário Jalles Fontoura, de Goianésia, aceitou ser suplente de Perillo — sinal de que “abandonou” o velho aliado.
Wilder Morais, do PL, acreditou, por certo, que seria “carregado” pelo candidato a governador por seu partido, Major Vitor Hugo, e, sobretudo, pelo presidente Jair Bolsonaro. O problema é que o deputado federal não cresce nas pesquisas e a influência eleitoral de um presidente nunca foi efetiva em Goiás. Pode até ser que mude, mas vale acrescentar que, quando a campanha realmente começar, Bolsonaro vai se concentrar nos Estados com mais eleitores, além do que terá de intensificar sua presença no Nordeste do país, onde Lula da Silva, do PT, é muito forte eleitoralmente. Será que Morais terá substância para “carregar” a si e ainda “puxar” Vitor Hugo? Muito difícil. Estrutura financeira, o ex-senador tem, mas dizem que não costuma gastar muito nas campanhas.
Há, por fim, os candidatos Antônio da Paixão, do PCO, Denise Carvalho, do PC do B, Leonardo Rizzo, do Novo, e Manu Jacob, do Psol. Trata-se de gente séria e competente. Mas falta a eles enraizamento político-eleitoral em todo o Estado e, retirando o empresário Rizzo, não têm estrutura financeira (nem seus partidos têm).
Candidato a senador é definido mais tarde
Atribui-se ao cientista político e analista de pesquisas Antônio Lavareda a fala de que os eleitores definem primeiro os candidatos a governador, presidente e deputado federal e estadual e só mais tarde o candidato a senador. Então, o quadro de hoje tende a não ser fixo e, portanto, pode ser mudado com campanha.