Eleitor de Pires do Rio quer derrotar Cida Tomazini? Talvez. Mas teme uma nova Cleide do Gullas
26 março 2023 às 00h17
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Na eleição para prefeito em 2016, o povo de Pires do Rio deu uma lição política aos poderosos multimilionários do Grupo Tomazini (leia-se Friato) — praticamente “dono” da cidade. Os eleitores elegeram uma mulher do povo, Cleide do Gullas, do pP, com 61,35% dos votos válidos, e derrotaram a empresária Cida Tomazini, do Podemos, que obteve apenas 38,65%.
Talvez tenha sido a vitória mais acachapante da história de Pires do Rio. Os eleitores deram um recado aos Tomazini: a cidade não tem dono. Ou melhor, o dono é o povo — que, quando quer, “tira e põe”.
Porém, ao ocupar a prefeitura, talvez por falta de experiência administrativa, Cleide Gullas fracassou e fez uma gestão pífia. Tanto que não teve coragem de disputar a reeleição.
Em 2020, ante a debacle de Cleide do Gullas, os eleitores decidiram eleger Cida Tomazini. Os votantes lhe deram uma vitória maiúscula — com 50,17% dos votos, ou seja, 7631 votos. Mas também lhe deram um recado: o segundo colocado, Hugo do Laticínio, obteve 5.325 votos (35,01%). Somando todos os adversários da empresária, a votação foi de 7579 votos, ou seja, uma diferença de apenas 52 votos.
Dada a experiência empresarial da família, esperava-se que Cida Tomazini fizesse uma administração moderna, ousada e criativa. Porém, o que se diz na cidade é que, embora seja “melhor” (no básico: limpar a cidade e pagar funcionários públicos e fornecedores) do que Cleide do Gullas, a prefeita não sai do “arroz com feijão”. Noutras palavras, de acordo com políticos locais, estaria “maquiando” a cidade, mas sem grandes avanços. “A gestão de Cida é tão fraca que seu grande trunfo é a reforma que está fazendo no hospital municipal. A reforma é necessária e a população aprova. Porém, é pouco para alguém com a experiência administrativa da gestora, que já foi prefeita do município”, afirma um político.
Para a disputa de 2024, não procede que Cida Tomazini irá desistir e apoiar um aliado. Pelo contrário, já está articulando sua reeleição.
Hugo do Laticínio, empresário na cidade, vai se colocar para a disputa e é visto como um dos nomes fortes da renovação. Há quem o considere uma espécie de Cleide do Gullas, mas com experiência administrativa, portanto com capacidade gestora — o que o diferencia da ex-prefeita. Na eleição de 2020, não soube fazer alianças políticas — não se ganha eleições majoritárias sozinho — e talvez tenha aprendido a lição. Eleição não se ganha com os “escolhidos” — os “melhores” —, e sim com todos.
O vereador Júnior da Metasa, de família política tradicional (o avô foi prefeito de Urutaí e o pai foi vereador em Pires do Rio), até mais do que Hugo do Laticínio, está se colocando, de acordo com um político de Pires do Rio, como o “postulante de oposição” à prefeita Cida Tomazini. Filiado ao União Brasil, ele é empresário.
Dono de uma loja de autopeças, Júlio Autopeças, filiado ao MDB, também é cotado para a disputa. Ele era o faz-tudo na gestão de Cleide do Gullas
O deputado federal Professor Alcides pode bancar a ex-vereadora Amélia Móveis (dona de uma loja que vende móveis), do PSD, que, na disputa para prefeita em 2020, recebeu 1005 votos (6,61%). Há quem postule que pode ser vice.
O fato é que, como as eleições vão ser disputadas daqui a um ano e seis meses, o quadro permanece indefinido. Mas há, na cidade, um clima de “insatisfação” com a prefeita Cida Tomazini, uma espécie de Cleide do Gullas apenas “melhorada” e, segundo um ex-vereador, “mais chique”.
Aquele político que se apresentar como anti-Cida Tomazini, porém com capacidade administrativa — e com ideias para melhorar a qualidade de vida das pessoas —, poderá ser o próximo prefeito de Pires do Rio, cidade do Sudeste goiano. Porém, se as propostas não foram críveis, é provável que os eleitores fiquem com o “arroz com feijão” da prefeita. “Cida não é excelente prefeita, mas também não é ruim” — é o que mais se ouve na cidade. O que os eleitores temem mesmo é, no afã de derrotá-la, colocar uma nova (ou novo) Cleide do Gullas na prefeitura. Se a eleição fosse realizada hoje, fontes da cidade sustentam que Cida Tomanizi já poderia encomendar o tailleur da posse. “Cida é o ‘médio’ que satisfaz, que não compromete”, acrescenta um ex-aliado. “Os demais postulantes são até bons, os moradores de Pires do Rio os veem com bons olhos, mas não são pés quentes, raramente se posicionam. Estão sempre em cima do muro, como se tivessem medo da família da prefeita.” (E.F.B.)