Autor de 21 livros, o advogado e delegado da Polícia Civil aposentado Edemundo Dias é um intelectual de primeira linha (com perfil, inclusive, acadêmico). Ele está se preparando para lançar mais um livro.

Na semana passada, Edemundo falou ao Jornal Opção sobre a vida e a morte do delegado de polícia e pastor evangélico Aristóteles Sakai de Freitas. O escritor afirma que seu colega, “um homem e delegado admirável”, deixa um legado. “A história dele é de uma riqueza ímpar, e merece ser contada.”

“Aristóteles Sakai representa mais do que a gente possa imaginar para Goiás e, por ser uma pessoa inspiradora, até para o Brasil”, assinala Edemundo.

“Nascido no Espírito Santo, há 63 anos, era filho de pai baiano, pastor da Igreja Cristã Evangélica, e de mãe japonesa. Como se sabe, Aristóteles Sakai era, além de delegado, pastor”, anota o escritor. “Um homem raro, cujas ideias reverberavam e vão continuar reverberando.”

Edemundo Dias: advogado, escritor e delegado aposentado | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Como delegado de polícia, Aristóteles Sakai era, de acordo com Edemundo, “um indivíduo fino, diferenciado. Era elegante no trato, parecia um diplomata. Tratava bem, com dignidade, tanto os colegas quanto o público. Ele apreciava ajudar, falava baixo, com extremo respeito. Era um homem do bem e de bem”.

Edemundo Dias e Aristóteles Sakai trabalharam juntos. “Era um amigo-irmão — eu também sou pastor evangélico. Ele sabia trabalhar em equipe e conectar ideias diferentes, fortalecendo as suas e as dos interlocutores.”

“Eu e Aristóteles, depois de estudar o assunto com atenção e amplitude, criamos dois programas de prevenção às drogas em Goiás. Ele trabalhou muito a respeito do assunto, que é uma questão chave de nosso tempo. Nós identificamos que o problema da dependência física, do consumo de drogas, vai além da segurança pública e até da saúde pública. Por isso, uma polícia que seja mais preventiva e avalie os indivíduos de maneira global, para além da mera ‘detenção’, será mais efetiva no combate às drogas”, postula Edemundo.

Os programas “Segunda Milha — Um Passo a Mais” e “Ser Livre” foram bem-sucedidos, pontua Edemundo. “Repercutiram em todo o Brasil e foram absorvidos pelo Ministério da Justiça. O que se propõe, no básico, é a prevenção e o tratamento da dependência das drogas. Não adianta só prender e condenar. O usuário merece ser visto de modo global, e só assim poderá ser realmente recuperado.”

Aristóteles Sakai, frisa Edemundo, soube abrir um canal de comunicação mais estreito com a sociedade. “Como era dotado de uma visão ampla do ser humano, percebendo sua infinita capacidade de recuperação e de fazer o bem, Aristóteles, o Totinho, soube mobilizar a sociedade a respeito da violência, de suas causas reais. Ele era uma pessoa que queria resolver e resolvia os problemas, queria ir e ia além da teoria.”

“Então, Goiás perde, com a morte de Aristóteles, um delegado de polícia [mesmo que estivesse aposentado], um pastor evangélico e, também, um grande homem, que fará falta. Ele era o tipo de policial e pastor que entendia que a sociedade não pode desistir das pessoas e, por isso, deve lutar para recuperá-las, para integrá-las”, diz Edemundo.

“Heloisa, mulher, e Fernanda e João Pedro, os filhos, sabem que perderam o marido e o pai, mas sabem também que fica o legado de Aristóteles, um grande homem. Sobretudo, uma figura humana das mais respeitáveis. Sua história, altamente positiva, indica que seu legado é grande, é preciso dizer isto”, declara Edemundo. “Ele queria melhorar o mundo para todos, e acredito que deu sua parcela de contribuição para tornar o mundo mais humano e amigável.” (Euler de França Belém)