Tudo indica que há o consenso de que o ciclo de poder do governador Ronaldo Caiado tende a continuar até 2026. Ou seja, se as pesquisas estiveram certas, captando o real humor dos eleitores, a tendência é que o líder do União Brasil seja reeleito. Ninguém duvida de que Marconi Perillo, do PSDB, é uma raposa política. Sua desistência de disputar o governo (e o mais certo é que talvez nunca tenha tido a intenção de enfrentar o gestor atual de Goiás) mostra que, com suas habilidades e percepções habituais, entendeu que o governador pode ganhar pela segunda vez.

Daniel Vilela: vice de Ronaldo Caiado em 2022 e possível candidato a governador em 2026 | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Se há possibilidade de Ronaldo Caiado ser reeleito, e já no primeiro turno, os políticos profissionais, que são raposas felpudas, estão de olho, ao disputar mandato em 2022, na eleição posterior, a de 2026. Porque com o fim do governo do líder do União Brasil, em 2026, se abrirá um novo ciclo político em Goiás.

Em 2026, se reeleito em 2022, Ronaldo Caiado certamente será candidato a senador. Se o quadro for este, Daniel Vilela, do MDB, assumirá o governo, em abril de 2026, e, no mesmo instante, se tornará candidato natural à reeleição.

Marconi Perillo: participação eleitoral em 2022 é preliminar para 2026 | Foto: Reprodução

Entretanto, como certamente não haverá mais um ciclo dominante, com um líder hegemônico na disputa do governo, pode-se postular que a política de Goiás estará “aberta” para todos ou para quase todos.

No momento, a disputa mais acirrada não é pelo governo do Estado. Tanto que há um político altamente profissional na disputa — Ronaldo Caiado — e políticos que, embora eficientes, ainda não têm maturidade e, digamos, malícia para enfrentá-lo. A disputa mais acirrada está se configurando para a vaga de senador. Por quê?

Vanderlan Cardoso, senador: no jogo para 2026 | Foto: Divulgação

Porque o senador eleito se cacifará para a disputa do governo em 2026. Aliás, mesmo quem perder (ou até quem não disputar) estará no jogo para a disputa seguinte.

Veja-se o caso específico de Marconi Perillo. Se for eleito senador, cacifa-se para a disputa do governo — até por considerar que, ao contrário de Ronaldo Caiado, que é experimentado, Daniel Vilela não tem a sua experiência política. Em tese, a partir da perspectiva tucana, será mais fácil enfrentá-lo.

Adriana Accorsi: deputada estadual pelo PT | Foto: Divulgação

Se perder a eleição para senador, mesmo assim Perillo certamente estará na disputa pelo governo em 2026. Mas aquele que derrotá-lo, seja quem for, certamente chegará no próximo pleito mais cacifado.

Candidato a senador, o ex-ministro Alexandre Baldy é um dos articuladores mais hábeis. Tanto que está montando uma estrutura gigante para tentar ser eleito. Se for, tanto pode ficar no Senado quanto pode ocupar um ministério (em qualquer governo — seja de Lula da Silva, do PT, ou do presidente Jair Bolsonaro, do PL). Mais uma coisa é certa: em 2026, qualquer que seja o ambiente político, deverá disputar o governo de Goiás. Aproveitando-se da “abertura” da política do Estado.

O senador Vanderlan Cardoso (PSD) tem dois sonhos: ser prefeito de Goiânia e ser governador de Goiás. Se disputar a Prefeitura de Goiânia, em 2024, daqui a dois anos e quase dois meses, e se for eleito, não será candidato a governador. Porém, e se perder, irá enfraquecido para a disputa de 2026. Portanto, mais certo é que se resguarde em 2024 para disputar o governo dois anos depois.

Há também Adriana Accorsi, a política goiana mais ligada ao candidato do PT a presidente da República, Lula da Silva. Se for eleita deputada federal, e se o petista for eleito para a Presidência, a deputada estadual tende a ser convocada para um ministério, com o objetivo de fortalecê-la politicamente em termos locais. Portanto, ela deve ser a candidata do PT a governadora de Goiás em 2026.

E Gustavo Mendanha? Uma derrota apertada, em 2022, o colocará como possível postulante para 2026. Porém, uma derrota acachapante, no primeiro turno, tende a enfraquecê-lo política e eleitoralmente. Há quem postule que, em 2024, disputará mandato de vereador em Goiânia ou em Aparecida de Goiânia. A tendência é que, no futuro, se torne menor do que no presente.

O que se disse acima deve ser visto pelo leitor como possibilidades, mas uma é praticamente certa: em 2026, se começará um novo ciclo político em Goiás. Porque, mesmo com uma possível vitória de Daniel Vilela, não será o mesmo ciclo de Ronaldo Caiado. Será uma renovação, talvez até uma renovação do ciclo anterior.

Daniel Vilela, ao assumir o governo, se tornará um candidato forte. Mas, para ganhar a eleição, terá de reorganizar sua aliança política. Porque, dentro dela, certamente poderá enfrentar oposição, como Alexandre Baldy. E, fora dela, terá pela frente um peso-pesado, Marconi Perillo. E talvez Vanderlan Cardoso.