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Mário Rodrigues Filho | Foto: Fernando Leite
Mário Rodrigues Filho | Foto: Fernando Leite

O diretor do Grupom, Mário Rodrigues, disse ao Jornal Opção que os eleitores foram dando contornos às candidaturas, mudando o ideário dos candidatos. “De início, pensava-se que o tema da segurança nortearia as pesquisas, embora as pesquisas sugerissem a saúde como tema mais crucial. Na campanha, os eleitores perceberam que o problema da segurança não se revolve com um delegado, um major ou um coronel na Prefeitura de Goiânia. Eles entenderam que o problema é de gestão, quer dizer, precisa-se de um político que saiba administrar a cidade. Compreendeu que a problema da segurança não pode ser resolvido por um prefeito e percebeu que o tema foi usado mais como manipulação eleitoral.”

Os eleitores também deixaram patente que não dão importância aos candidatos que fazem propostas demais. “Eles têm consciência de que a maioria das propostas não pode ser cumprida, até por falta de orçamento. Na área de saúde, os eleitores descreem, quase que inteiramente, das propostas dos postulantes. Porque lembram-se das campanhas anteriores e verificam que nada ou muito pouco foi cumprido.”

Campanhas monotemáticas, versando quase que exclusivamente sobre segurança pública, perderam o apoio de milhares de eleitores.

“Eleitores são realistas e pragmáticos”, sublinha Mário Rodrigues. “Patrões ou empregados, os eleitores se interessam pela discussão das creches-cmeis. Por vezes, se tornou o segundo tema mais importante da campanha, perdendo apenas para saúde. Os eleitores observam e, se verificam que o projeto é realista, passam a prestar mais atenção no candidato. Porém, se desconfiam das intenções do candidato, começam a abandoná-lo.”

Pode-se falar que Vanderlan Cardoso tem um teto, por volta de 27%, e, portanto, que parou mesmo de crescer? “Não dá para explicar direito a questão, ao menos não com inteira precisão, porque demandaria novas pesquisas, exames qualitativos, mas não há mais tempo. O que se pode dizer, de verdade, é que tanto Vanderlan Cardoso quanto Iris Rezende estão firmes e bem posicionados. O quadro, mesmo em cima da hora, permanece indefinido. É possível que a votação de Vanderlan seja um pouco maior do que a registrada em certo período. Quando o quadro afunila, com os indefinidos assumindo posições, alteram-se os números.” Mário Rodrigues diz que é óbvio dizer o que dirá mas é necessário dizê-lo: “Iris Rezende e Vanderlan Cardoso podem crescer ou não, depende dos humores, na reta final, dos eleitores”.

Como o eleitor percebe Vanderlan Cardoso? “Como um gestor altamente empreendedor. Noutras palavras, é apontado como aquele político que, por ter experiência, dará conta do recado, quer dizer, de administrar a cidade, e de não piorá-la. Iris Rezende é visto pelo eleitor sobretudo como um político experiente. Por outro lado, é visto como não-adepto da modernidade.”

Fala-se, por vezes, que as pesquisas “erram”. Mário Rodrigues frisa que as pesquisas registram quadros fixos, mas que as campanhas “movem” as opiniões dos eleitores, ou seja, podem mudá-las. Assim, uma pesquisa diz uma coisa hoje e outra amanhã. “É a dinâmica da vida. Pesquisa que tem de acertar mesmo é a de boca de urna.”

A campanha de 2016 pode ser considerada curta? “Os deputados federais terão de rever a questão. A campanha poderia muito bem começar em janeiro, pois daria mais tempo para o eleitor examinar as propostas e conhecer aqueles que pretendem executá-las. A campanha, por ter sido curta, não ajudou ninguém; pelo contrário, estressou todo mundo, não reduziu os gastos e aumentou a agressividade dos postulantes. Em cidades pequenas, principalmente, foi quase impossível fazer pesquisas. Os pesquisadores eram ameaçados.”

O que tem a dizer sobre o quadro eleitoral de Anápolis. “O quadro de lá possivelmente terá João Gomes, do PT, e, quem sabe, Roberto do Orion, que pode ser a surpresa. Mas, no momento, o favorito é o prefeito João Gomes.”

Pesquisador atualizado, Mário Rodrigues diz que as pesquisas precisam mudar. “É possível sustentar que as atuais estejam paradas, em termos metodológicos e de uso de tecnologia, na década de 1970.”