Direita terá dois candidatos para enfrentar o postulante da esquerda em Anápolis

03 setembro 2023 às 00h01

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Há duas direitas em Anápolis. A do deputado federal Márcio Corrêa (MDB), de 43 anos, a do ex-deputado federal Major Vitor Hugo (PL), de 46 anos.
Apesar de sua ligação com a direita, à qual pertence, Márcio Corrêa não integra suas correntes radicais; pelo contrário, apesar da firmeza de suas posições, é moderado, da escola racionalista. Por isso, de acordo com pesquisas, tem votos no eleitorado de centro — que, em eleições muito disputadas, é decisivo.
Major Vitor Hugo é bolsonarista-raiz, e dos mais radicais. Não aceita nem mesmo conversar com políticos de centro, se estes tiverem feito uma crítica leve ao bolsonarismo.
Só os votos da direita radical não elegem um candidato a prefeito numa cidade como Anápolis — que é apontada como conservadora. Diz-se que é apontada porque as pesquisas de intenção de voto, neste momento, mostram o deputado estadual Antônio Gomide, do PT, como primeiro colocado.
Portanto, o direitismo de Anápolis precisa ser relativizado. Porém com uma ressalta: Antônio Gomide é visto como pós-petista. Quer dizer, é filiado ao PT, mas não parece político do PT. Como não é radical, tendo um discurso mais técnico e ponderado, é percebido como palatável ao menos pelos eleitores de centro. Dependendo das pesquisas, ele tem, hoje, de 29% a 40% das intenções de voto.

A esquerda tem 40% dos votos de Anápolis? Não tem. Na verdade, quem tem é Antônio Gomide, que, embora do PT, não é visto como tal. O petista “de” Anápolis, ao menos assim é visto, é o deputado federal Rubens Otoni. Os dois são hermanos.
Então, a tendência é que a direita apresente dois candidatos para enfrentar Antônio Gomide — até para evitar que o petista se eleja no primeiro turno: Márcio Corrêa e Major Vitor Hugo.
Pesquisas do PL mostram Antônio Gomide em primeiro lugar, com Major Vitor Hugo em segundo e Márcio Corrêa em terceiro. Mas isto é sem campanha, e sem que os nomes estejam realmente definidos.
Pesquisadores com expertise em política de Anápolis sugerem que a tendência — repita-se: tendência — é que o segundo turno tenha Antônio Gomide, pela esquerda, e Márcio Corrêa, pela centro-direita. Qual será o diferencial do segundo turno?
O mais provável é que Antônio Gomide não agregue forças novas no segundo turno. Entretanto, Márcio Corrêa tende a conquistar o apoio da direita bolsonarista.
Portanto, a tendência — insista-se tendência — é que Antônio Gomide vá para o segundo turno em primeiro lugar, mas, se Major Vitor Hugo fechar com Márcio Corrêa, este pode ser eleito.
Frise-se, por fim, que o cenário ainda não permite análises peremptórias. Antônio Gomide tem chances de ser eleito prefeito, sobretudo por ter o apoio direto do presidente Lula da Silva. O país tende a crescer 3% em 2023 e um pouco mais em 2024, e, se isto acontecer, o petista-chefe estará mais forte e, deste modo, poderá transferir votos, reduzindo a força do bolsonarismo em Anápolis. (E.F.B.)