Direita, se bancar 3 candidatos, pode entregar Prefeitura de Anápolis para o PT de Gomide
16 julho 2023 às 00h01
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Dividida em Anápolis, a direita, se o quadro permanecer como o de hoje, terá pelo menos três candidatos a prefeito de Anápolis.
Os principais nomes da direita na cidade são o prefeito Roberto Naves, do pP, o suplente de deputado federal Márcio Corrêa (assume o mandato em agosto, na vaga de Célio Silveira, que se licenciará), do MDB, e o ex-deputado federal Major Vitor Hugo, do PL. Os três apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022.
Roberto Naves, reeleito em 2020 — derrotou o deputado estadual Antônio Gomide, do PT, com votação expressiva —, não pode ser candidato em 2024, daqui a um ano e dois meses. Então, deve bancar um candidato. Os nomes mais citados de seu grupo são o ex-ministro Alexandre Baldy, do pP, o vice-prefeito Márcio Cândido, do pP (pode se filiar ao PSD), e o vereador Leandrinho Ribeiro, do pP. A força de cada um deriva menos deles e mais do prefeito, que é um político articulado e um ás em campanhas eleitorais.
A direita bolsonarista mais radical tem em Major Vitor Hugo seu maior representante. Mas o ex-deputado não é de Anápolis e pode ser visto, pelos eleitores, como paraquedista. A alternativa é conquistar o apoio do grupo de Roberto Naves. Sem um grupo “da” cidade, o ex-parlamentar, mesmo com o apoio de Bolsonaro, não terá a mínima chance de vencer o pleito.
Major Vitor Hugo tem conversado tanto com Roberto Naves quanto com Márcio Corrêa. Mas ainda não definiu com quem quer se aliar. Se obtiver o apoio do prefeito, pode se tornar um candidato altamente competitivo.
Pensando também em 2026, o vice-governador Daniel Vilela, como principal líder do MDB no Estado, pode operar uma aliança entre seu pupilo, Márcio Corrêa, e o grupo de Roberto Naves — que lançaria o vice.
O diferencial da disputa em Anápolis pode ser o apoio de Roberto Naves. Porque a eleição no município pode ser decidida — no segundo turno — por um beicinho de pulga. Então, aquele postulante que subestimar a força do gestor municipal, menosprezando seu apoio, pode acabar assistindo, de camarote, a própria derrota.
A divisão da direita, com dois ou três candidatos, pode ser o maior cabo — ou general — eleitoral de Antônio Gomide. Se a direita lançar apenas um candidato, a peleja poderá ser decidida no primeiro turno. Aí tende a ganhar quem tiver candidatos a vereador mais consistentes e grupos políticos que saibam articular com eficiência uma campanha eleitoral. Se Roberto Naves, Márcio Corrêa e Major Vitor Hugo estiverem no mesmo palanque, o postulante petista terá de pôr as barbas de molho.
Sublinhe-se, por fim, que o Antônio Gomide de 2020 não será o mesmo Antônio Gomide de 2022. Naquela eleição, faltaram estrutura e apoio ao petista. Em 2024, com Lula da Silva na Presidência da República, a campanha do deputado será mais bem amparada.
Há outra questão: em 2020, Antônio Gomide enfrentou uma raposa política, Roberto Naves. O prefeito é altamente articulado. Márcio Corrêa é o novo, tem força na cidade, mas ainda não tem a experiência política dos veteranos. Se tivesse, saberia que política se faz não apenas com os “escolhidos”, e sim com todas as pessoas possíveis, gostando-se ou não delas. Major Vitor Hugo não conhece direito a política local. Portanto, no momento, o petista está com a faca, o queijo e a sobremesa no prato.
A direita, por ignorar a força da razão e da lógica — enfim, o realismo —, vai se manter dividida sabendo que, assim, entregará o ouro à esquerda? Inteligente e sábio, Antônio Gomide permanece em silencio, observando o quadro, que lhe é altamente favorável. (E.F.B.)